Jovens portugueses stressados com testes e má notas

Relatório sobre o bem-estar dos estudantes da OCDE revela estados de alma dos adolescentes.

Jovens portugueses stressados com testes e má notas

Os jovens portugueses estão entre os alunos da OCDE que se mostram mais ansiosos com o desempenho escolar. Um relatório sobre o bem-estar dos estudantes com base nas respostas ao inquérito internacional PISA revela que 77,4% dos rapazes e 91,5% das raparigas de 15 anos admite ficar preocupado ao antecipar que vai ser difícil fazer um teste. Já 83,2% dos rapazes e 93,4% das raparigas diz recear as más notas, percentagens acima da média.

O estudo, divulgado ontem, analisou pela primeira vez as motivações dos jovens em torno do desempenho escolar mas também o seu relacionamento com colegas e professores e o ambiente familiar.

Ao todo foram inquiridos 540 mil jovens em 72 países que participam no PISA. O inquérito conclui que, apesar dos diferentes níveis de ansiedade, os jovens que passam mais tempo com os pais, em particular os que partilham refeições e conversam em família, revelam maiores índices de satisfação com a vida. E aqui, parece haver algum efeito protetor no país: 94,6% dos jovens portugueses inquiridos diz que os pais os apoiam quando têm dificuldades na escola, uma percentagem acima da média da OCDE (90,6%) e que só é superada na Tailândia, Croácia, Costa Rica e Holanda. A percentagem de jovens portugueses que diz tomar o pequeno almoço antes de ir para a escola (92,6%) também é superior à média verificada nos países que entram no estudo (78%). Os dados do relatório revelam também que entre 18 países analisados,  há uma maior percentagem de pais que diz conversar diariamente com os filhos e 94,7% partilham diariamente a refeição principal com os adolescentes, tendências acima da média. O documento deixa contudo um alerta: Portugal é dos países onde o facto de os pais terem ou não estudos superiores está ligado a uma maior valorização das carreiras científicas dos jovens. E é também um dos países onde a falta de convívio em família gera um maior gap no bem-estar dos jovens.

O acesso a smartphones evoluiu na última década e Portugal não foge à regra: a grande maioria dos jovens, mais de 80%, tem acesso a um portátil em casa. Porém, os dados deste relatório deixam um alerta: há sinais de utilização problemática. Mais de 77% dos jovens portugueses sentem-se mal quando estão offline, percentagem só superada por Taipei, Suécia e França. A nível global, só 54% dos jovens têm este tipo de mal-estar quando não têm acesso à internet.

Se este pode ser um ponto crítico, a exposição ao bullying – outra preocupação analisada no estudo – parece ter menor dimensão em Portugal do que na maioria dos países analisados. Ainda assim, 5,7% dos inquiridos admitiu ser frequentemente vítima de bullying.

No cômputo geral, a percentagem de satisfação e bem-estar é superior a 70% entre os alunos portugueses e mais de 30% consideram-se muito satisfeitos.