Marcha Mundial do Clima passa por três cidades portuguesas

Dezenas de cientistas defendem fim da exploração de gás e petróleo na costa e mar portugueses

Aljezur, Lisboa e Porto juntam-se à edição deste ano da Marcha Mundial do Clima, convocada nos EUA contra as políticas a favor dos combustíveis fósseis do presidente norte-americano Donald Trump. Um grupo de 70 cientistas portugueses exigiu hoje o fim de furos de prospeção e exploração de petróleo e gás na costa e no mar portugueses, do Algarve ao Porto.

A Marcha Mundial do Clima, agendada para 29 de abril e que tem já a adesão de 15 países, reúne associações, organizações e movimentos em defesa do clima e contra todas as atividades e políticas que promovem a emissão de gases com efeito de estufa.

A marcha deste ano foi convocada nos EUA “como protesto contra as políticas anti clima do presidente Donald Trump e toda a destruição que elas implicam”, diz um responsável do movimento Climáximo, uma das entidades organizadoras.

De acordo com João Caramago, citado pela agência Lusa, nos últimos anos esta era uma marcha que de “reivindicação para avanço [das medidas] contra as alterações climáticas”. Neste momento “é um grande protesto contra aquilo que são as políticas dos EUA, personificadas no seu presidente, que são o maior produtor de combustíveis fósseis”.

A conjugação de esforços a nível internacional para protestar contra atuais e futuras explorações de combustíveis fósseis é enaltecida pelos ambientalistasm que esperam uma “uma adesão bastante significativa” nas três cidades. 
Segundo Caramago as marchas “têm tido bastantes participantes” nos últimos anos e a questão “felizmente tem ganhado relevância na sociedade portuguesa, particularmente preocupada com este tema”. 

Para além disso, em Portugal, as três marchas vão exigir especificamente o fim da prospeção e exploração de gás na costa e no mar portugueses, do Algarve ao Porto.  A exigência é comum à de um grupo de 70 cientistas portugueses. 

Carta Aberta “Vimos afirmar que é preciso que cessem, desde já, todos os contratos em vigor e que se recusem novas emissões de licenças, de forma a evitar danos irreparáveis para a economia, o meio ambiente e as suas comunidades”, dizem os cientistas numa carta aberta tornada pública hoje.

O documento, de investigadores de vários domínios científicos e associados a instituições portuguesas, afirma que há um consenso da maioria da comunidade científica quanto “à urgência de pôr fim às emissões de gases de efeito de estufa”.

De acordo com a carta, “o conhecimento já existente permite abandonar os combustíveis fósseis em favor de energias limpas, as inovações nesta área são constantes. As alterações climáticas provocadas por ação humana são um problema da sociedade a que a ciência pode e tem vindo a responder”.

Em Portugal, salienta a missiva, a exploração de combustíveis fósseis é “um dos grandes problemas” que é preciso enfrentar, porque persistir numa “economia predadora do carbono” inviabiliza compromissos políticos, defrauda expetativas das populações, e destrói cadeias de vida insubstituíveis.