FMI. Compromisso de combater protecionismo económico fora do léxico

Ao contrário da declaração de encontros anteriores, o comunicado final da reunião de primavera deixa cair resistência à proteção comercial

Os países membros do FMI deixaram cair a promessa de lutar contra o protecionismo económico mas mantêm o compromisso de trabalhar para acabar com as desigualdades do comércio mundial.

No comunicado final da reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington, EUA, divulgado ontem, não aparece o compromisso de lutar contra o protecionismo ao contrário do que era habitual nas anteriores declarações, tal como aconteceu no encontro de outono de 2016.

Em outubro tinha ficado escrito que os líderes financeiros mundiais se comprometiam a resistir “a todas as formas de protecionismo”.

No final do encontro desta última semana “tratámos de fazer um balanço construtivo e o significado da palavra protecionismo é muito ambíguo, pelo que foi eliminada do comunicado”, explicou aos jornalistas o presidente do Comité Financeiro e Monetário do FMI,

“O que tentámos fazer foi meter o foco naquilo que podemos conseguir juntos e no nosso objetivo final, que é tratar de aproveitar as vantagens do comércio. Todo o mundo está de acordo em que necessitamos de um comércio livre e justo”, acrescentou Agustín Carstens, que é também governador do Banco Central do México.

Incertezas No início da reunião, o FMI reviu em alta as previsões para o crescimento mundial, mas deixou alertas para várias incertezas, como por exemplo a adoção de políticas protecionistas, uma subida mais rápida do que o esperado dos juros nos EUA ou uma “reversão agressiva” da regulação financeira que pode estimular a tomada excessiva de riscos e “aumentar a probabilidade de crises financeiras futuras”.

Além disso, a instituição elencou as tensões geopolíticas, a fraca governação, a corrupção, os eventos climatéricos extremos e o terrorismo como os fatores não financeiros com potencial para aumentar a incerteza em relação ao futuro económico do mundo.

As divergências em relação ao comércio livre e ao protecionismo estiveram patentes, durante estes encontros de primavera, por exemplo, entre a Alemanha e os EUA.

Enquanto o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, frisou “a necessidade evidente” de “comunicar melhor os benefícios do comércio e da globalização”, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin garantiu “uma defesa rigorosa” dos EUA contra “práticas injustas”.

Reciprocidade “A agenda do presidente Trump passa por assegurar que temos um comércio livre e justo, e acho que, como vocês sabem, os EUA são provavelmente o mercado mais aberto que há para bens, serviços e investimento”, disse Mnuchin, acrescentando que os norte-americanos esperam ser tratados à semelhança do tratamento que dão aos outros.

“O presidente acredita em acordos comerciais recíprocos e comércio livre recíproco”, afirmou o governante norte-americano. “Se os nossos mercados estiverem abertos, deverá haver uma natureza recíproca nos outros mercados”, acrescentou.

Segundo Mnuchin, “o que não é livre ou justo é que o nosso mercado seja aberto e que outros tenham tarifas mais elevadas ou barreiras à importação”.

Na agenda da administração norte-americana está a renegociação de acordos comerciais e a imposição de tarifas e barreiras comerciais.