Maioria dos casos notificados à DGS não era sarampo

Direção Geral da Saúde recebeu 87 notificações desde 1 de janeiro. Foram confirmados 24 casos e 12 permanecem em investigação.

A maioria dos casos suspeitos de sarampo notificados à Direção Geral da Saúde não eram afinal esta doença. Dados atualizados ontem pela DGS indicam que, desde o início do ano, foram notificados 87 casos, sendo que foram confirmados 24 e outros 12 estão em investigação.

De acordo com este último balanço, a região de Lisboa e Vale do Tejo regista o maior número de doentes e, até ao momento, também o caso mais grave. Recorde-se que, na semana passada, a doença vitimou uma adolescente de 17 anos que não estava vacinada e que contraiu o vírus quando foi internada no Hospital de Cascais com uma mononucleose. Entretanto a irmã mais nova da adolescente foi também hospitalizada com suspeitas de sarampo, por precaução.

O balanço da DGS revela que na região de Lisboa e Vale do Tejo estão confirmados 16 casos. Seis destes casos foram hospitalizados, sendo que quatro dos doentes tiveram entretanto alta. Dois doentes tinham entre um e quatro anos e outros dois tiham entre 10 e 19 anos de idade. Já a maioria dos casos (12) verificou-se entre adultos entre os 20 e os 45 anos, sendo nove funcionários de estabecimentos de saúde. A DGS não revela o estado vacinal de todos os doentes mas adianta que, entre os profissionais de saúde que adoeceram, quatro não tinham as vacinas em dia.

Uma segunda cadeia de transmissão verifica-se no Algarve, onde estão confirmados sete casos, entre os quais dois profissionais de saúde – ambos com a vacina do sarampo em dia. Cinco destes sete doentes precisaram foram hospitalizados mas já todos tiveram alta. Tratavam-se de quatro crianças com menos de um ano e de três adultos entre os 20 e os 45 anos de idade.

Foi por fim confirmado um caso na região Norte, de uma criança com menos de quatro anos que também foi hospitalizada e já teve alta.

Ontem o Bloco de Esquerda apresentou no parlamento um diploma a recomendar ao governo uma campanha de informação para reforçar a adesão à vacina. Os bloquistas pretendem ainda que os centros de saúde entrem em contacto com urgência com os pais das crianças que não estão a cumprir o plano de vacinação. Segundo o diretor-geral da Saúde, Francisco George, há 10 mil a 15 mil crianças que não têm a vacina do sarampo em dia. A primeira dose da vacina é feita aos 12 meses de idade e a segunda aos cinco anos, antes da entrada para a escola. Dado o surto em curso, a DGS já recomendou que, mediante orientação clínica, a vacina pode ser feita em bebés mais pequenos, a partir dos seis meses idade. Mas aos 12 meses deve ser feita uma nova dose.

1524 casos na Europa em dois meses

Ontem o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) revelou que nos dois primeiros meses do ano registaram-se 1524 casos de sarampo em 14 países europeus, mais do dobro em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o ano passado os países europeus registaram 3767 casos de sarampo, número que a manter-se o atual ritmo de casos deverá ser largamente excedido. Em 2016, a Roménia foi responsável por 42% dos casos. A doença matou nove pessoas na Europa, oito na Roménia e uma no Reino Unido. O ECDC alerta que o sarampo não afeta apenas crianças pequenas mas também adultos com mais de 20 anos, que representam um terço dos casos (na epidemia em Portugal a percentagem é maior, com os adultos a representar metade dos casos). O ECDC defende que vacinar adolescentes e adultos que não fizeram as vacinas no passado mas também reforçar os programas de imunização na infância é vital para prevenir surtos futuros. “É inaceitável saber que crianças e adultos estão a morrer de doenças quando existem vacinas seguras e custo-eficazes”, disse em comunicado Vytenis Andriukaitis, comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar.