Baleia Azul. “A morte é o que eu mais queria”

O desafio mortal que tem feito vítimas em vários países, entre os quais no Brasil e na Rússia, já pôs a PSP em alerta. 

Mariana é brasileira (nome fictício) e tem 15 anos. Em entrevista ao jornal “O Globo” conta que “confiava no jogo”: “Eu acreditava que aquilo ali ia me fazer ter coragem de me suicidar”.

Uma das alterações no seu comportamento foi o de achar que a sua mãe já não gostava de si e isso fazia-a ficar ainda mais dependente do que o “curador” lhe pedia. E foi esse afastamento que mais alertou a família, que conseguiu evitar um fim trágico.

“A morte é o que eu mais procurei. É o que eu mais queria”, revelou àquele jornal brasileiro a jovem, adiantando que mesmo depois de ter estado internada e deixar o jogo já tentara o suicídio novamente. Mariana decidiu parar após um novo tratamento, quando percebeu o sofrimento em que tinha mergulhado a família.

“Se eu fosse [as pessoas], não entraria [no desafio da Baleia Azul]. Só vai causar coisas ruins. Ao invés de parar sua tristeza, só vai aumentar. E vai acumular, acumular. Quando você vir, já vai estar vazio por dentro e por fora. Eu pediria para poder apostar uma única chance numa coisa que se gosta. Talvez, sei lá, uma música boa que essas pessoas ouviram na rádio e de que gostem. Talvez possam escutar aquilo e se sentir melhor. Porque eu sei o quanto que dói, mas não vai ser um jogo que vai fazer você parar de sentir dor. Nem a morte”. Mariana sabe do que fala, sente todos os dias as consequências do caminho que escolheu, ou melhor que a induziram a escolher, para fugir a uma depressão. Em vez de fugir ainda se afundou mais.

No Brasil foram já detetados suicídios de jovens em diversos estados que podem estar relacionados com os desafios que são impostos pelos administradores. Isto porque os alvos, segundo a delegada Fernanda Fernandes, são jovens entre os 12 e os 14 anos com problemas de isolamento e ou depressão, que têm dificuldades em abandonar o jogo por medo de que as ameaças feitas pelos administradores aconteçam mesmo.

Sempre que os mais novos cedem a mais um desafio, o mesmo tem de ser enviado por vídeo ou por fotografia – o corte, no caso de ser uma mutilação – para o “curador”.

Naquele país, os crimes que estão em causa na investigação que foi aberta em 2016 são: “associação criminosa, ameaça, lesão corporal (em relação às automutilações praticadas pelos participantes) e homicídio tentado ou consumado”.

Na Rússia, onde o jogo foi notícia pela primeira vez, duas jovens com 15 e 16 anos decidiram por fim às suas vidas em fevereiro, atirando-se de um prédio com 14 andares, em Irkutsk. Uma delas partilhou no Facebook uma fotografia de uma baleia azul.

{relacionados}