Mercado mundial de veículos elétricos ganha velocidade com aceleração a fundo da China

Incentivos do governo de Pequim terão grande impacto naquele que já é o maior mercado de automóveis de “nova energia” do mundo. Imposição de quotas de produção aos construtores é a nova estratégia

Na China, o mercado de carros elétricos já é o maior do mundo, mas uma nova proposta governamental de introdução de quotas para as construtoras de veículos de “nova energia” está a acelerar ainda mais o mercado. Em Portugal, este está também em expansão, com as vendas a subirem a alta velocidade.

No salão automóvel de Xangai, a maior cidade chinesa, as principais fabricantes mundiais revelaram os seus planos para aumentarem a oferta de carros elétricos na China.

No certame, que terminou no fim de semana, a sueca Volvo confirmou que vai introduzir o seu primeiro carro 100% elétrico na China em 2019 e a Ford colocará no mercado o seu primeiro veículo híbrido já no início do próximo ano.

A construtora norte-americana revela ainda que todos os seus modelos disponíveis no mercado chinês em 2025 terão opção elétrica.

Economias de Escala Os fabricantes consideram que os incentivos de Pequim poderão ter um grande impacto no setor, uma vez que as novas economias de escala vão diminuir os custos de fabrico e os preços dos carros elétricos.

Na China, entre os 24,38 milhões de automóveis vendidos no ano passado – o maior mercado mundial –, 507 mil eram veículos de “nova energia” (elétricos, híbridos elétricos ou híbridos não elétricos). O número representa um aumento de 53%, alimentado pelas políticas governamentais.

Portugal acompanha tendência Também em Portugal a tendência é semelhante. Nos primeiros três meses do ano foram vendidos 369 carros elétricos, um número correspondente a um aumento de 135% por comparação com o mesmo período de 2016 e a quase metade das unidades comercializadas no total do ano passado: 756.

O cheque de 2250 euros do Estado para a compra de um carro elétrico – disponível para as primeiras 1000 unidades vendidas no país este ano – é uma das razões apontadas pela Associação de Utilizadores de Veículo Elétrico (UVE) para o aumento das vendas.

Apesar do atraso inicial na atribuição do cheque, o processo teve início em meados de fevereiro.

A UVE aponta também como fator de incentivo a evolução da rede de carregamento na via pública. Atualmente existem mais de 500 postos de carregamento em Portugal, correspondendo a 1250 tomadas.

Além dos postos de carregamento normal, também estão a ser instalados mais de 50 postos de carga rápida em cidades e auto-estradas.

“Até há pouco tempo, a rede não permitia a confiança que hoje transmite. Eu sei de pessoas que compram carro elétrico porque já têm confiança para viajar”, disse ao ‘”Jornal de Negócios” o presidente da UVE, Henrique Sanchéz.

Os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) revelam também um aumento nas vendas dos híbridos elétricos (27,4%) e dos híbridos não elétricos (mais 104%).

Na China, o governo tem oferecido incentivos para a compra de veículos de forma a combater a poluição atmosférica, um problema crónico no país. Mas este ano começou a reduzir estes apoios de forma a que sejam os construtores a puxar pelo mercado.

O governo de Pequim, numa proposta do final do passado, quer impor quotas de produção de veículos de “nova energia” já a partir do início do próximo ano.

Diminuição dos custos “Neste momento, o mercado de veículos elétricos tem sido puxado pela regulação e subsídios governamentais”, diz o presidente da Ford para a Ásia Pacífico. “Mas acreditamos que a curto prazo os custos vão baixar”, acrescentou David Schoch, citado pela agência AFP.

A Volkswagen (VW), líder mundial, vendeu quatro milhões de carros na China no ano passado, mas apenas umas poucas centenas eram “verdes”. Mas, para o próximo ano, a construtora germânica, numa parceria com o grupo chinês JAC, vai começar a produzir carros elétricos na China.

Em 2020, a VW espera vender 400 mil carros elétricos no país. No mesmo ano, a General Motors tem como objetivo atingir as 150 mil unidades vendidas, tendo dez novos modelos de “nova energia” no mercado.

O mercado chinês de veículos elétricos é dominado por construtores locais, incluindo a BYD, empresa pioneira, que em 2016 vendeu 96 mil carros. Apesar da redução dos subsídios, a “tendência para a eletrificação é irreversível”.

De acordo com o CEO da BYD, “chegámos a um ponto em que as economias de escala na produção vão permitir preços mais baixos”.

A maioria dos carros elétricos vende na China abaixo dos 2250 mil yuan (35 mil euros) antes dos subsídios, mas são modelos com uma autonomia limitada.

Limitação Na China, o mercado para carros mais caros é muito limitado, o que não impede várias empresas chinesas de começarem a apostar neste segmento. O exemplo é a Qiantu, que tem um modelo desportivo de 700 mil yuan pronto a lançar no mercado.

Em Portugal, o mercado de veículos elétricos é dominado pelos modelos das grandes construtoras mundiais.

O Renault Zoe foi o carro elétrico mais vendido no primeiro trimestre do ano, com 182 veículos, um número que equivale a um crescimento de 1900%. Em segundo, ficou o Nissan Leaf, com 113 unidades vendidas, mais 28% do que no período homólogo.

Este último é vendido a partir de 22.340 euros, enquanto o Renalut Zoe está no mercado a partir dos 21.750 euros.