CGD. Análise a 15 anos de gestão tem previsão para durar 15 semanas

Auditoria às contas do banco público entre 2000 e 2015 foi adjudicada à Ernst & Young. Caixa contratará 100 pessoas por ano até 2020

A Ernst & Young (EY) vai analisar os atos de gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015. O processo de reestruturação do banco público prevê a contratação de 100 pessoas por ano e o governo garante que é impossível que a emissão de dívida seja convertida em ações.

Ontem, na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, o ministro das Finanças justificou que a auditoria, de quase quatro meses, foi adjudicada à consultora por esta não ter estado envolvida na audição de contas do banco naquele período.

“Prevê-se que essa auditoria decorra no prazo de 15 semanas”, incidindo em “três áreas principais de análise: concessão de créditos, aquisição e alienação de ativos e decisões estratégicas e negócio”, disse Mário Centeno, acrescentando depois que a auditoria será feita às ações feitas pelo banco público entre 2000 e 2015.

No final de junho de 2016, o governo incumbiu a então administração da CGD de abrir o processo para uma “auditoria independente” aos atos de gestão do banco praticados a partir de 2000. A análise foi remetida para depois da recapitalização do banco público, concluída em março. “A auditoria não está em curso, mas adjudicada”, disse Mário Centeno, assegurando que, quando for concluída, será dirigida às autoridades de supervisão, “que farão o que entenderem”.

Honrar o compromisso

Durante a audição, o responsável da pasta das Finanças garantiu também ser mentira que a emissão de dívida da CGD possa ser convertida em ações.

Centeno disse que a emissão de dívida perpétua da CGD – 500 milhões de euros – “não é convertível em capital”, garantindo que “nunca através daquela emissão” qualquer privado será acionista do banco público.

“É seguramente mentira que aquela dívida possa ser convertível em ações”, disse o governante, acrescentando que a dívida “será obviamente honrada”.

O ministro explicou que o reembolso aos privados poderá começar a ser feito cinco anos após a emissão. Caso os rácios de capital do banco público desçam abaixo de 5,25%, a Caixa “começa a responder com perdas” aos detentores desta dívida perpétua.

Mário Centeno disse ainda que, seguindo o plano de reestruturação até 2020, a Caixa poderá “considerar a emissão de produtos alternativos que possa ser feita em condições de mercado mais favoráveis”.

Reestruturação

Sobre o plano de reestruturação falou também o secretário de Estado Adjunto e das Finanças. Ricardo Mourinho Félix disse que não haverá despedimentos e que a “Caixa contratará pessoas: o que está previsto é a entrada de cerca de 100 efetivos por ano ao longo do período do plano de negócios. Esses efetivos irão suprimir competências que a Caixa não tem”.

Sobre a redução de 2200 postos de trabalho na CGD até 2020, diz estar relacionada com reformas naturais, possibilidade de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo. “Não há despedimentos”, afirmou.