Geração instável: “As pessoas nem sonham a força que temos que fazer para nos levantarmos da cama todas as manhãs”

Ataques de pânico, dificuldade em sair da cama, receio de falar com os pais e não serem compreendidos. Os millennials contam como lidam com a ansiedade e depressão numa altura em que, na internet, surgem novas formas de pedir ajuda, encontrar consolo e desconstruir tabus.

Fui diagnosticada com ansiedade generalizada após ter tido ataques de pânico, o primeiro por causa de ter estado muitas horas no meio de uma multidão e o seguinte por causa de uma apresentação oral do doutoramento.

Numa segunda fase, em que estava descontente com o  doutoramento, fui diagnosticada com depressão. São doenças muito difíceis, especialmente porque ainda não tínhamos tido caso nenhum na família. Era um pouco complicado para as pessoas à minha volta. Não compreendiam que eu não quisesse fazer planos ou que os desmarcasse em cima da hora.

Não entendiam por que motivo é que eu não queria ir a festivais, ou porque é que não gostava de falar em público uma vez que era tão extrovertida e tinha “tanto jeito para falar”. Não percebiam que eu quisesse sempre ficar nas pontas das filas do auditório, ou quisesse saber sempre quais eram as saídas mais próximas quando ia a shoppings, por exemplo. Sobretudo é complicado transmitir a ideia de que não somos desleixados ou preguiçosos, é mesmo uma condição que petrifica. Temos uma vontade de fazer as coisas enorme, por vezes as pessoas nem sonham a força que temos que fazer para nos levantarmos da cama todas as manhãs. Felizmente há muita gente que já passou por isto ou conhece pessoas próximas que já passaram e que, por isso, nos ajudam diariamente a fazer esse esforço extra.