No Egito, Francisco diz que a caridade é o “único extremismo permitido”

Papa termina visita dedicada a atacar o fanatismo violento em nome da religião. Só o radicalismo da compaixão deve existir, afirma. “Qualquer outro fanatismo não provém de Deus e não lhe apraz.”

Francisco prossegue o tom de antiradicalização no final da sua visita ao Egito. Diante das cerca de 15 mil pessoas que se concentraram este sábado para ouvir a sua missa na capital, três semanas depois de uma sequência de atentados do grupo Estado Islâmico ter matado dezenas de cristãos coptas, Francisco falou novamente do que entende ser a distorção violenta das religiões.

“A Deus agrada-lhe apenas a fé professada com a vida, uma vez que o único fanatismo permitido aos crentes é o da caridade”, declarou o Papa, no Cairo, citado pelo correspondente da BBC. “Qualquer outro fanatismo não provém de Deus e não lhe apraz”, afirmou à multidão que se concentrava no Estádio da Defesa Aérea, que percorreu, acenando aos fiéis, num veículo desprotegido.

Francisco termina a visita ao Egito no mesmo tom com que a iniciou: tentando construir laços com a comunidade muçulmana e simultaneamente dar alento à perseguida – mas numerosa – minoria de cristãos coptas egípcios, recentemente alvos de ataques por grupos radicais sunitas, sobretudo o satélite do Estado Islâmico, que, no início do mês, matou mais de 45 pessoas em duas igrejas coptas.

Antes da missa dada este sábado no Cairo, Francisco visitou as igrejas atacadas pelo Estado Islâmico e discursou na histórica Universidade de al-Alzhar, também sobre o radicalismo religioso. “Temos a obrigação de expôr tentativas de justificar todas as formas de ódio professadas em nome da religião”, afirmou o líder da Igreja Católica, desafiando cristãos e muçulmanos egípcios a serem fanáticos religiosos, mas apenas em nome da compaixão.