A lei da rolha, segundo Pedro Passos Coelho

Segundo Passos é necessário que em Portugal continuem a existir instituições independentes fortes para defenderem os cidadãos das arbitrariedades e das manipulações do poder.

O líder do PSD está preocupado com a qualidade da democracia. Manifestou-o este fim-de-semana em duas intervenções no âmbito da preparação das autárquicas de 1 de Outubro: em Arganil e em Murça.

Em ambas as ocasiões Pedro Passos Coelho criticou o comportamento do executivo de António Costa que acusou de amordaçar quem discorda da atual maioria.

Esta maioria, disse em Arganil, “não sabe conviver com quem não seja obediente, que não seja concordante com o poder vigente. Uma democracia precisa de pesos e contrapesos, de uma avaliação de práticas que sejam transparentes, do respeito pelas instituições. Quando isso não acontece, a democracia passa a ser limitada”.

A cada dia que passa, prosseguiu, “vivemos numa democracia mais limitada e menos ambiciosa. Precisamos de uma democracia que tenha escrutínio. Ouvimos todas as pessoas que acham que continuam a ser donas do espírito do 25 de Abril a falar do passado, mas esquecem-se que a nossa democracia definha a cada dia que passa por termos uma prática política que a está a empobrecer”.

Menos de 24 horas depois, em Murça, voltou ao ataque sobreque em matéria de relacionamento com terceiros “há uma grande diferença” entre o atual governo e aquele que chefiou.

“Quando nós estávamos no governo podíamos não concordar com o que as instituições diziam, mas não ameaçávamos, não manipulávamos ou lhes metíamos uma rolha na boca”, lançou, numa critica ao governo socialista.

Passos referia-se à polémica à volta da recusa do governo em aprovar dois nomes propostos para o Conselho de Finanças Públicas.

“Perante as críticas, o que o governo PS faz é recusar os novos nomes que são propostos para essas entidades e recusar tantas vezes até que essas proponham quem o governo quer”, disse.

Segundo Passos é necessário que em Portugal continuem a existir instituições independentes fortes para defenderem os cidadãos das arbitrariedades e das manipulações do poder.

“É esta a Democracia praticada por quem está hoje no governo. Uma Democracia limitada e mais pobre. E nós não queremos isso”, salientou Passos Coelho.

Gestão da dívida O documento conhecido por relatório da dívida – elaborado por PS e BE – mereceu logo no sábado um reparo do líder social-democrata.

“É importante que o que propõem não seja feito. O mais grave do que propõem é deitar a mão às reservas que estão no Banco de Portugal para suportar o orçamento do governo. Não contamos para a maioria que está no Parlamento, e eles podem afrontar a independência do banco central para irem às reservas, mas nunca nos calaremos com isto e denunciaremos sempre. Estão a pôr o país a correr os riscos do passado”, alertou.

Para Passos Coelho, não se sabe “o que o BE e o PCP querem com esta conversa à volta de dívida”, lembrando que os dois partidos que suportam o governo no parlamento andaram “anos a seringar todos que tinha de se reestruturar a divida” e agora “apresentaram soluções para a gerir”.

Com apenas uma exceção, prosseguiu, as propostas apresentadas “são perigosas e erradas”.

“Não têm nada a ver com o que nós fizemos, são o oposto. Mas estão próximas do que Sócrates fez quando esteve no governo”, assegurou.

Para Passos, “não há nenhuma razão para que Portugal não possa ser uma sociedade mais desenvolvida e um dos países mais competitivos na Europa. Mas tem de haver um projeto mobilizador, com as reformas que são necessárias”.

“Mas Isso não acontecerá com este governo”, previu. 

As reversões  O_presidente do PSD também não parece ter dúvidas acerca dos resultados das reversões, dando como exemplo a educação.

“Tem havido reversão que chegue na educação. Conseguimos que os nossos resultados fossem os melhores de sempre. Eles fazem de conta que não foi importante. Mas foi a nossa exigência, a avaliação, os exames, o foco no português e matemática, com metas e consolidação, que resultou que as avaliações internacionais mostrassem resultados nunca antes vistos. A extrema-esquerda não gosta da disciplina, da avaliação, e da capacidade de gestão nas escolas. Querem regressar ao tempo da irresponsabilidade, em que ninguém faz cumprir um plano curricular. A extrema-esquerda gosta da balbúrdia nas escolas, nós gostamos de disciplina. As reversões feitas vão atrasar os sonhos dos nossos jovens para futuro”, acusou Pedro Passos Coelho.

Autárquicas O líder do PSD não tem dúvidas: “os autarcas são pessoas que se colocam totalmente ao serviço das suas comunidades” e, nesse âmbito “os do PSD são pessoas que deram muito do que é a sua competência e empenho total para que as suas terras possam ser diferentes”.