Geração instável: “Não sei bem o que provocou isto”

Ataques de pânico, dificuldade em sair da cama, receio de falar com os pais e não serem compreendidos. Os millennials contam como lidam com a ansiedade e depressão numa altura em que, na internet, surgem novas formas de pedir ajuda, encontrar consolo e desconstruir tabus.

Nos Estados Unidos da América, os millennials são a geração com maior número de doentes com depressão. A Organização Mundial da Saúde alertava, em 2016, para o facto de o suicídio ser a segunda principal causa de morte de jovens entre os 15 e os 29 anos. As causas das doenças mentais são sempre indeterminadas, difíceis de enumerar. Cada indivíduo é diferente, mas muitos deles é na internet que lançam os pedidos de ajuda.O que levará a geração i a sofrer desta forma? A instabilidade pode ser uma das respostas.

"Em Abril de 2007, comecei a perceber que a minha ansiedade estava a prejudicar o meu trabalho. Foi particularmente difícil lidar com essa interferência porque, à época, trabalhava numa rádio e fazia noticiários em direto. Por sugestão da minha editora, consultei pela primeira vez um psiquiatra, que me diagnosticou uma depressão e problemas de ansiedade. Comecei a tomar antidepressivos e ansiolíticos. Comecei a melhorar progressivamente. Poucos meses depois, saí de Lisboa e fui trabalhar para Nova Iorque. Quando pela primeira vez entrei no metro de Nova Iorque, tive o que suspeitei tratar-se de um ataque de pânico e tive de sair logo na primeira paragem. Apesar de mais um ou outro contratempo, fui-me sentindo melhor. Entretanto, regressei a Lisboa e, por volta de 2010, voltei a sentir vários picos de ansiedade, até mesmo de desespero. Por isso, voltei a ter consultas com bastante regularidade com o mesmo psiquiatra até hoje. Não sei bem o que provocou isto. Sempre me interessou pouco essa parte, confesso."