Turismo. Aumento faz disparar construção de novos hotéis

A oferta de novas unidades hoteleiras vai continuar a crescer. A associação do setor acredita que até ao final do ano vão surgir 40 novos hotéis e diz que este vai ser o melhor ano de sempre. Até 2019 iremos assistir a abertura de 70 novos espaços

O turismo em Portugal continua a bater recordes atrás de recordes e o crescimento da oferta hoteleira está a acompanhar esta tendência. E os números falam por si: estão previstos abrir até ao final deste ano perto de 40 unidades hoteleiras no país, além das cerca de 11 remodelações e reaberturas. As contas são da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e apontam este ano como o melhor de sempre, depois dos bons resultados atingidos em 2016, altura em que foram ultrapassados os indicadores de 2007, que até aqui era apontado como o melhor ano de sempre para a hotelaria.

O norte do país e Lisboa vão ser principal foco do investimento dos grupos hoteleiros. Só em 2016 abriram 75 estabelecimentos hoteleiros, num total de 6620 quartos de hotel. No final do ano, a AHP quantificava 1238 hotéis. Até 2019, a associação acredita que Portugal deverá ter 70 novos hotéis, acrescentando à oferta atual cerca de 5600 quartos.

Também as previsões da consultora Cushman & Wakefield vão encontro das contas da AHP. Até 2018 Portugal deverá receber mais 75 novos hotéis, representando um aumento da oferta na ordem dos 5600 quartos a mais. De acordo com o seu estudo, a maioria das unidades hoteleiras (42%) irá nascer na zona de Lisboa. O Algarve irá receber 18% da nova oferta e o Porto 14%, seguidos da região Centro, com 11%, e da Madeira, com 6%. O Alentejo receberá 2% dos novos hotéis e os Açores 1%. A maioria (83%) terá entre quatro e cinco estrelas.

Mais turistas

A fórmula é simples: com o número de turistas a aumentar é preciso ter oferta em termos de alojamento para dar resposta. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a hotelaria registou 1,1 milhões de hóspedes e 2,8 milhões de dormidas em fevereiro. São números que representam aumentos de 8,6% e 7,9%, respetivamente, face ao mesmo mês de 2016, mas ainda assim refletem uma desaceleração relativamente a janeiro, que fechou com crescimentos de 13,8% e 12,7% face ao ano anterior.

Apesar da desaceleração, os primeiros dois meses do ano estão em linha com as taxas de crescimento alcançadas em 2016, pois verificou-se um crescimento de 11% nos hóspedes (2 milhões), de 10% nas dormidas (5,1 milhões) e de 16% nos proveitos (260 milhões de euros).

A acompanhar esta tendência está também o crescimento das receitas acumuladas do setor que já se fixaram em 1362,2 milhões de euros, ou seja, mais 15,2% do que há um ano. E segundo os dados do Banco de Portugal (BdP) em janeiro, os turistas deixaram em Portugal 684,7 milhões de euros e 677,5 milhões em fevereiro. No segundo mês do calendário, as receitas estão já 13% acima do registado um ano antes.

Para já, ainda não são conhecidos os números relativos à Páscoa, mas as expectativas da associação são de valores mais elevados face ao ano passado em quase todos os indicadores, com destaque para o preço médio por quarto ocupado, receita de alojamento, rendimento médio por quarto disponível (RevPar) e receita total. O Algarve é a região que deverá ter registado um maior aumento da procura durante esta época.

Aumentar preço

A par do aumento da oferta outra prioridade do setor é aumentar o preço e melhorar a taxa de ocupação por quarto. De acordo com os dados da AHP, já no ano passado todos os destinos registaram aumentos a nível do preço médio por quarto ocupado, que chegou aos 80 euros a nível nacional, valor que ainda não tinha sido atingido a nível absoluto, mais 8% que no ano anterior. Também o RevPar cresceu a dois dígitos em todos os destinos à exceção do Estoril/Sintra, que cresceu 7%, fixando a média nacional nos 55 euros, mais 13% que no ano passado.

Em 2016, mais estrangeiros visitaram o país, ganhando terreno nas dormidas e hóspedes em detrimento do mercado nacional, representando 73% do total. Reino Unido e Alemanha foram os principais mercados emissores, seguidos pela França e por Espanha.

A Associação da Hotelaria de Portugal acredita que é possível melhorar o preço tendo em conta o que o nosso país oferece em comparação com outros destinos. Essa necessidade também é reconhecida pelo governo que tem vindo a defender a uma maior aposta no crescimento em valor, ou seja, subir as receitas turísticas e aumentar a rentabilidade das empresas. Mas para melhorar este índice, o governo admite que é necessário combater a sazonalidade, que ainda é vista como “acentuada”, principalmente no Algarve. A ideia é simples: reduzir o impacto das variações da procura segundo a época do ano. Outro aspeto a melhorar diz respeito ao aumento da permanência média dos visitantes.