CDS-PP. Nuno Magalhães deixa “alerta cívico”

O grupo parlamentar do CDS-PP juntou-se para as jornadas parlamentares. O líder da bancada falou de “democracia simulada” em jeito de “alerta cívico” para o que se vive no parlamento

O líder da bancada do CDS, Nuno Magalhães, considera que, em Portugal, no parlamento, se está a viver “numa democracia simulada”.

Para Nuno Magalhães, que falava durante as jornadas parlamentares do CDS-PP, no distrito de Aveiro, estas palavras devem ser lidas como “um alerta cívico”.

Questionando o papel de PS, BE, PCP e PEV no parlamento Nuno Magalhães atirou: “Andam a fingir que não vêem e não ouvem”, acusando-os de formar uma “muralha de poder”.

E justificou: no parlamento, quando se passa à votação de iniciativas legislativas na generalidade “votar é a excepção ou uma mera formalidade. Tudo baixa [às comissões] sem votação”.

“Estamos assim perante uma simulação da democracia parlamentar que se exerce pelo voto. Ora não votarmos é a antítese disso”, acentuou em declarações ao i.

“Uma democracia simulada, por algum tempo até pode fazer um país mais otimista e, por algum tempo, parecer mais feliz. Jamais pode fazer um país competitivo e desenvolvido como nós queremos”, lembrou ainda o líder da bancada.

Para o dirigente do CDS-PP, o país “vive com problemas”, num “impasse nas reformas” e num “fingimento das ideias”.

“O primeiro-ministro diz que o Orçamento que votou afinal é uma brincadeira, a fingir, mais ou menos. Podemos discutir, mas temos de cortar 30% nas cativações”, lembrou Nuno Magalhães.

Na presença dos deputados e do “estado maior” dos centristas, Magalhães fez ainda um balanço do trabalho desenvolvido pela bancada. “Foi com o CDS que se percebeu o IMI das vistas, o embuste sobre a neutralidade fiscal do aumento dos combustíveis. Foi pelo CDS que ficaram a saber que a esquerda eufórica deu uma borla fiscal com a reavaliação de activos”, acentuou.

Magalhães esclareceu que o grupo parlamentar centrista no seu conjunto apresentou “mais de uma centena de propostas” e dirigiu 1400 perguntas às administrações central e local.

Numas jornadas com os temas trabalho e descentralização na agenda, o presidente do grupo parlamentar centrista assegurou ainda que o CDS-PP não aceitará que esta seja “feita fora da Assembleia da República, como este governo parece querer fazer”.

“Se o governo tem problemas com a geringonça, é problema dele. O que em democracia o governo não pode ter é problemas com o parlamento”, lembrou, depois de recordar a notícia do i que anunciava que o executivo vai avançar para a atribuição de competências às autarquias através de decreto-lei.

Desemprego e anterior governo

Assunção Cristas atribuiu ao anterior governo os louros pela queda do desemprego, tal como já tinha feito Passos Coelho. A presidente do CDS-PP aproveitou a visita a unidades fabris da região do Vale do Cambra para saudar a queda nos números do desemprego e atribuir o mérito não ao atual, mas ao anterior governo.

“Em primeiro lugar, ficamos obviamente agradados, é sempre positivo quando vemos desemprego a descer e emprego a ser criado”, disse, para logo atirar: isso só “prova que a reforma laboral que foi feita pelo anterior governo está a produzir os seus frutos e é positivo que não tenha até agora sido mexida”.

E concluiu: “Como sabem, há uma grande ameaça das esquerdas radicais, PCP e BE, de alterar e reverter essa reforma laboral. Mas a realidade está a mostrar-nos que é bom que ela se mantenha numa altura em que está a produzir frutos. Só é possível haver criação de emprego e diminuição de desemprego quando o investimento está tão baixo porque houve legislação laboral que tornou mais fácil a contratação, mais flexível o regime laboral e deu mais confiança aos empregadores”

Hoje, os deputados do CDS deslocam-se à fábrica e museu da Vista Alegre, em Ílhavo. Com Sebastião Bugalho