Dirigente do PS defende que Portugal suscite o debate da dívida

Ana Catarina Mendes defende que Portugal leve a questão da dívida à Europa. E admite que isso aconteça já depois das eleições alemãs.

"O país deve, no âmbito da União Europeia, gerar esse debate", defende a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, sobre a renegociação da dívida.

A socialista diz que Portugal já começou o diálogo sobre a questão nas cimeiras com os países do Sul. E admite que o país possa tomar a iniciativa da discussão sobre soluções para a dívida após as eleições alemãs.

"Não sei se estiverem atentos mas no início deste ano o Governo fez um amplo debate, com vários parceiros europeus, sobre as questões do sistema financeiro e monetário. No seio das cimeiras dos países do Sul, também, [o Governo tem procurado saber] quais são as respostas que os países do sul, numa Europa unida, podem ter para não serem sempre penalizados e considerados — como fez o senhor presidente do Eurogrupo — os pecadores do sistema financeiro europeu", afirma Ana Catarina Mendes, em entrevista ao Observador.

O timing está em aberto , mas a dirigente socialista acredita que o debate é urgente. "Percebo que queiram perguntar: mas o debate é amanhã? Não sei se é amanhã, sei que é premente", afirma a deputada, que admite que o momento certo "pode ser depois das eleições alemãs".

Apesar disso, Ana Catarina Mendes prefere não usar a palavra "renegociação".

"Não gosto de falar em reestruturação da dívida, devo confessar. Acho que é melhor falarmos de gestão das dívidas europeias porque é isso que todos os dias os Estados-membros fazem. Agora, é preciso olhar para as dívidas dos vários Estados-membros — e Portugal não estará muito atrás dos vários Estados — e termos uma solução que pode passar por várias coisas. Inclui aqueles que defendem que 60% da dívida deve ser assumida coletivamente e os outros 40% pelos Estados-membros. São discussões para as quais não devemos ir, à partida, com nenhuma solução fechada. Devemos ir com uma proposta: como é que se resolve o problema da dívida, para os Estados-membros poderem aliviar", declara ao Observador.