Dia da Mãe. Uma homenagem que começou na Antiguidade Clássica

A ideia de dedicar um dia às mães nasceu nos Estados Unidos, mas é transversal a todas as culturas, religiões e países. Em Portugal já foi comemorado a 8 de dezembro – o significado, no entanto, mantém-se ligado à Virgem Maria

Os brasileiros costumam dizer “Dia das Mães”. Os portugueses preferem o singular: “Dia da Mãe”. O Brasil celebra “o Dia das Mães” no segundo domingo de maio; Portugal, no primeiro domingo de maio – este domingo. Roma Antiga homenageava durante três dias Cibele, mãe de todos os deuses. Na Grécia clássica, a festa era dedicada à deusa Reia – mais ou menos o equivalente a Cibele, também era mãe de todos os deuses gregos –, com a particularidade de Reia ser mulher de Cronos, o deus que trouxe a palavra “cronologia” às culturas latinas, já que regia o tempo que passa.

Em Portugal, o Dia da Mãe comemorou-se durante muito tempo a 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, a concepção de Jesus Cristo através da Virgem Maria. Depois, a comemoração passou para o mês de maio, mas o significado manteve-se o mesmo – na tradição católica, maio é o mês de Maria, a mãe de Jesus Cristo.

A ideia do dia da mãe nos Estados Unidos partiu de uma feminista, Anna Reese Jarvis, que em 1907 lançou um movimento para criar o “dia nacional das mães”. A comemoração começou na sua cidade – Grafton, na Filadélfia – no aniversário da morte da sua própria mãe. Nos anos seguintes, todo o estado de Filadélfia começaria a comemorar o dia nacional das mães. A campanha de Anna Jarvis estendeu-se a todos os Estados Unidos e, em 1911, já o dia da mãe era comemorado em toda a América.

A feminista convence Wilson Depois da luta de Jarvis, em 1914, o então presidente Woodrow Wilson declara o dia da mãe feriado nacional – no segundo domingo de maio, tal como acontece no Brasil, Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Itália, Japão, Turquia e outros.

A Espanha – que também já celebrou as mães a 8 de dezembro – comemora agora também no primeiro domingo de maio, como Portugal. Também Moçambique, Cabo Verde, Angola, Lituânia e Hungria escolhem celebrar o dia da mãe no mesmo dia que Portugal e Espanha.

Para homenagear as mães, a Colômbia, França e Suécia preferem antes o último domingo de maio. Na Índia, a celebração das mães é em outubro, assim como na Argentina e na Bielorrússia. A Noruega escolheu fevereiro. A Bélgica e a Costa Rica também homenageiam a mãe de Cristo, comemorando as mães no dia 15 de agosto, que marca a assunção da Virgem Maria – ou seja, é quando a mãe de Cristo sobe aos céus para se juntar ao filho. É também uma grande festa de devoção dos cristãos ortodoxos – chamam-lhe a “dormição de Nossa Senhora”.

O Comércio

Tal como outras festas religiosas – nomeadamente o Natal – também o dia da mãe se tornou um grande momento para o comércio. Aliás, nesta edição do i que dedicamos ao dia da mãe, Maria de Belém, a antiga candidata a Presidente da República e ex-presidente do Partido Socialista, diz isso mesmo: não se revê na data que “se comemora apenas por razões comerciais”, mas, também desde sempre feminista assumida, revê-se na luta de Anna Jarvis.

O i pediu a várias personalidades para nos falarem das suas mães. Pedro Santana Lopes, provedor da Santa Casa da Misericórdia e ex-primeiro-ministro, Assunção Cristas, líder do CDS, Gabriela Canavilhas, dirigente do PS candidata à Câmara de Cascais, o humorista Herman José, o sexólogo Júlio Machado Vaz, os cantores José Cid e Mickael Carreira, entre muitos outros, aceitaram o nosso desafio. O resultado está nas páginas seguintes.