CGD. Fecho de balcões motiva avalanche de perguntas ao governo

O PCP já fez 15 perguntas, o BE 12, o PSD sete, o PS seis e o CDS três. E vai haver mais, apesar de a resposta do governo ser igual para todas.

É uma verdadeira torrente de perguntas ao governo, com direito a resposta automática, igual para todos. Deputados do PSD, do BE, do PCP, do CDS… e até do PS têm inundado o Ministério de Finanças com perguntas sobre as motivações para encerrar balcões da Caixa Geral de Depósitos. O tema está a aquecer e a pressão é total.

Ontem, o PSD lançou ainda mais achas para a polémica do encerramento do balcão de Almeida (na Guarda), com o deputado Carlos Peixoto a defender que o critério para fechar algumas agências e outras não pode afinal ser partidário.

“O anunciado encerramento da agência da CGD em Almeida é uma brutalidade que não tem nenhuma explicação conhecida a não ser aparentemente razões político partidárias”, acusou o social-democrata eleito pela Guarda.

É que inicialmente estava previsto o encerramento de 69 balcões e nos últimos dias o governo recuou em nove casos. Destes, oito são autarquias socialistas. A exceção é Marvão, que tem uma câmara social-democrata.

“E esta situação de Marvão é exatamente igual à que acontece em Almeida. Almeida encerrou, Marvão mantém-se aberto e bem porque era uma sede de concelho”, vinca Carlos Peixoto, lembrando que Almeida será a única sede do concelho do país a ficar sem balcão da Caixa.

37 perguntas

Desde que se soube da intenção da Caixa de encerrar balcões para cumprir o plano de reestruturação, que os deputados começaram a inundar o governo com perguntas.

Ao todo, já deram entrada 37 perguntas, ou 38 se se contar com a primeira de todas feita pelo PCP na anterior sessão legislativa.

O PCP foi, aliás, o partido que mais perguntas fez sobre este tema. Os comunistas quiseram saber as razões do encerramento de 15 balcões. Mas apesar de as perguntas dizerem respeito a vários concelhos e distritos, as respostas que já chegaram ao PCP são todas iguais.

Nelas, o governo justifica-se com a necessidade de redimensionamento do banco para que este possa “tornar-se sustentável” e garante-se que não haverá despedimentos.

São três páginas assinadas pelo chefe de gabinete de Mário Centeno com uma justificação que serve para todas as agências encerradas e que chegou também já como resposta a quatro das 12 questões feitas pelos bloquistas. Apesar da resposta automática, o BE não desiste e já está a preparar mais perguntas.

Aliás, ainda ontem o deputado Moisés Ferreira exigiu do governo um esclarecimento sobre a promessa de que os serviços bancários passariam a ser prestados nas sedes das juntas onde haja balcões encerrados. É que as notícias dão conta de que os autarcas não foram contactados pela CGD para realizar qualquer acordo e o BE quer que o governo “clarifique” o que se passa.

Moisés Ferreira considera, de resto, que fechar balcões é um duplo erro. “O primeiro erro é que a CGD vai ficar com menos capacidade de fazer o serviço público que tem obrigação de fazer. E o segundo erro é que retirando-se do território está a abrir espaço para que outros bancos privados vão lá captar depositantes e isso vai prejudicar certamente a quota de mercado da Caixa”, argumenta o bloquista, que promete não deixar cair o tema.

As perguntas que ainda tenciona fazer vão somar-se não só às 12 do BE e às 15 do PCP, mas também às sete do PSD, às três do CDS e às seis assinadas por deputados do PS. E as contas podem não acabar por aqui. Os deputados eleitos por cada um dos círculos afetados prometem continuar a insistir num tema que é ainda mais sensível em vésperas de autárquicas.