Videoárbitro em todos os jogos da Liga NOS na época 2017/18

Sistema visa “diminuir a margem de erro”, diz Fernando Gomes, presidente da FPF. Benfica, Porto e Sporting concordam com decisão. Presidente do Conselho de Arbitragem fala em “dia histórico” para o futebol português

É oficial. Na próxima época (2017/18), todos os jogos do campeonato português (306 no total) vão ter videoárbitro (VAR) para auxiliar o juiz de campo. A confirmação do uso do sistema com recurso à tecnologia foi anunciada por Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), durante a manhã desta quinta-feira.

“Sempre foi nossa preocupação dar as melhores condições aos árbitros, que exercem uma função que não é fácil. Queremos claramente que os árbitros errem cada vez menos e esta ferramenta, estamos convencidos, será muito importante para diminuir a margem de erro”, adiantou o líder federativo. Fernando Gomes revelou ainda que todos os custos envolvidos na implementação do sistema, valores que podem ascender a um milhão de euros, serão suportados pela FPF: “Dentro da nossa capacidade, vamos assumir os custos do lançamento, verificação e utilização do videoárbitro que, como se sabe, são elevados.”

A contagem decrescente para o primeiro teste em “modo online”, a final da Taça de Portugal entre Benfica e Vitória de Guimarães, marcada para 28 de maio, já começou e vai existir a possibilidade de parar o jogo para corrigir decisões com recurso ao videoárbitro.

Três grandes de acordo

Benfica, Porto e Sporting não demoraram a reagir, com agrado, à decisão comunicada pela direção da FPF.

“Portugal coloca-se assim na vanguarda da transparência e da verdade desportiva. [A decisão vem] contribuir para a defesa do espetáculo e para a verdade do futebol jogado dentro das quatro linhas”, escreveu Bruno de Carvalho nas redes sociais. “Servirá também para proteger os árbitros dos inevitáveis erros do ser humano”, acrescentou o líder leonino. O clube encarnado também manifestou “o seu forte apoio, satisfação e regozijo pela decisão […] que coloca Portugal na liderança do processo de introdução das novas tecnologias ao serviço do futebol, acreditando que se trata de um contributo importante para a melhoria da qualidade e relação entre todos os agentes desportivos”.

Nuno Espírito Santo, treinador dos azuis-e-brancos, defendeu, por sua vez, que “tudo o que traga justiça e transparência ao futebol, estou totalmente de acordo”. Em conferência de imprensa, o técnico portista acredita que “é uma boa medida […] para que todos [os jogos] sejam analisados com um só parâmetro: a verdade”.

“Erros vão continuar a existir”

Para o presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da FPF, José Fontelas Gomes, a introdução do VAR marca “um dia histórico para o futebol português”. Apesar de considerar uma ferramenta “excelente para reduzir um pouco o erro”, essencialmente aqueles “que são considerados os erros mais claros”, Fontelas Gomes alerta para que não só “os erros vão continuar a existir” como, “obviamente, continuará a haver contestação”. E lembra ainda que “a decisão final será sempre da equipa de arbitragem.

O que o videoárbitro vai fazer é ajudar a tomar uma melhor decisão”. Miguel Leal, treinador do Boavista, foi outro dos técnicos que se manifestaram, durante o dia de ontem, em relação ao novo sistema. Apesar de se ter mostrado, tal como NES, a favor “em alguns casos, especialmente para se verificar se a bola entrou ou não entrou na baliza”, acredita que é “muito difícil de operacionalizar”. “O que me preocupa mais é se os estádios portugueses estão preparados para isso. É a primeira pergunta que se tem de fazer, porque acho que alguns não estão”, comentou o técnico axadrezado na antevisão do jogo do Boavista com o Nacional.