Seixas da Costa avisa: “A aliança preferencial de Macron vai ser à direita”

O antigo embaixador português em Paris saudou o ‘resquício de frente republicana’ contra a Marine Le Pen 

“É um melhor resultado, em relação à normalidade europeia, do que eu estava à espera”, assegura o embaixador Francisco Seixas da Costa, ao i. 

O homem que já liderou a diplomacia portuguesa em Paris olha para a eleição de Emmanuel Macron para novo presidente da França como “prova de que os eleitores franceses ainda mantêm um resquício de ‘frente republicana’”, ou seja, que “estão disponíveis para se unirem e travar o crescimento da extrema-direita”.

Sobre o facto de ter havido uma mobilização menor contra Marine Le Pen do que contra o seu pai, Jean-Marie, em 2001, Seixas da Costa aponta que “Jean-Marie Le Pen é diferente de Marine Le Pen”, na medida em que “a ‘normalização’ – e aqui é uma normalização entre aspas – da imagem da Frente Nacional fez baixar a guarda e reduziu essa mobilização”. 

“Eles são diferentes, mas os riscos são idênticos. Os que votavam mais pelos ideais, se quisermos, da Frente Nacional, votam hoje graças ao descontentamento com a sua situação, graças ao seu mal-estar”. 

“No caminhar para as eleições legislativas, os Republicanos devem recuperar muito do voto que perderam para a Frente Nacional nas presidenciais”, avisa também o diplomata. “O centro-direita perdeu para ambos os lados [a FN e Macron] e poderá notar-se alguma recuperação, também ‘secando’ a ala mais à direita do Partido Socialista Francês”.

Nesse sentido, Seixas da Costa adverte que o acordo parlamentar que o novo presidente deverá ser obrigado a concretizar, visto ser improvável que o seu movimento, Em Marcha, sem estruturas locais, consiga uma maioria absoltua, seja mais plausível de suceder com o centro-direita, isto é, com os já referidos Republicanos. “A aliança preferencial do sr. Macron vai ser à direita”, suspeita o experiente embaixador. 

“Vamos ver como corre a vida a este PRD do sr. Macron”, brinca, em alusão ao partido de Ramalho Eanes, que nos anos oitenta abriu o centro em Portugal.

Esta noite, Emmanuel Macron salvou o centro, mas em França.