Guarda costeira italiana ignorou pedidos de ajuda e mais de 260 refugiados morreram afogados

Jornal L’Expresso revelou chamadas telefónicas entre autoridades e o barco que se afundou no Mediterrâneo em 2013

O dia 11 de outubro de 2013 foi um dos mais mortíferos no Mar Mediterrâneo. Uma embarcação oriunda de Zuwarah, na Líbia, transportava perto de 480 migrantes e refugiados, maioritariamente de nacionalidade síria, e tinha como destino a ilha italiana de Lampedusa. O barco acabou por virar a 61 milhas náuticas (cerca de 113 quilómetros) da costa de Itália e 268 pessoas morreram, incluindo 60 crianças.

Os resultados da investigação que foi aberta para aclarar as causas do naufrágio nunca chegaram a ser revelados, mas o jornal italiano “L'Expresso” divulgou, no seu site, cinco chamadas telefónicas com pormenores chocantes sobre a tragédia. 

Os telefonemas terão sido trocados entre a guarda costeira e Mohanned Jammo, um médico que se encontrava a bordo. Jammo alertou as autoridades para o risco de o barco em que seguia se poder virar, mas em Itália instaram-no a pedir ajuda a Malta, por alegadamente se encontrarem mais próximos dali. “Lampedusa não é Itália?”, questionou o migrante, esclarecendo que a embarcação se encontrava perto daquela ilha. “Estamos a morrer, ajudem-nos! O barco está afundar-se, a água está a entrar”, insistiu Jammo.

A embarcação acabou mesmo por afundar e morreram 268 pessoas. Em declarações ao “Washington Post” o jornalista Fabrizio Gatti, do “L'Expresso”, disse ter conseguido as gravações “através de fontes de Malta” que também lhe revelaram que a guarda costeira italiana se recusou a enviar o seu navio mais próximo para resgatar os refugiados.