Síria. EUA denunciam existência de crematório para esconder execuções

Norte-americanos acusam Irão e Rússia de apoiar execuções em massa por parte do regime de Assad

O Departamento de Estado norte-americano veio confirmar as denúncias de diversas organizações não governamentais e acusou hoje o regime sírio, liderado por Bashar al-Assad, de ter dado luz verde à utilização regular de um complexo, nos arredores de Damasco, onde serão cremados todos os dias milhares de corpos de prisioneiros mortos pelas autoridades sírias.

Segundo o subsecretário norte-americano para o Médio Oriente, Stuart E. Jones, o crematório integra a prisão militar de Sednaya, onde são executados “pelo menos 50 prisioneiros por dia” e serve para “esconder” as execuções extrajudiciais. “Pensávamos que os corpos eram enterrados em fossas comuns, mas agora acreditamos que o regime sírio instalou um crematório na prisão de Sednaya, com o objetivo de não deixar provas dos restos mortais dos detidos”, explicou Jones, citado pelo “Washington Post”.

A denúncia do Departamento de Estado baseia-se em testemunhos e relatórios das organizações humanitárias que atuam no terreno, em informações recolhidas pelos serviços secretos norte-americanos e ainda em fotografias aéreas, tiradas por satélite, entre 2013 e 2017, que, de acordo com Jones, comprovam a instalação do crematório no complexo prisional.

A Aministia Internacional foi uma das organizações que denunciou a existência daquele tipo de instalações e, num relatório publicado em fevereiro deste ano, a ONG descrevia Sednaya como um “matadouro humano”, onde se levavam a cabo “enforcamentos” e outras “execuções extrajudiciais”. A Amnistia calcula que, entre março de 2011 e dezembro de 2015, o regime de Assad tenha executado entre 5 mil a 13 mil pessoas, naquela prisão.

Stuart Jones apontou igualmente o dedo a russos e iranianos e disse que “aparentemente” os dois aliados “apoiam incondicionalmente” as atrocidades cometidas pela Síria. “Ou ajudaram diretamente ou fecharam os olhos, enquanto o regime levou a cabo “assassinatos em massa”, acusa o diplomata.