Quando escolas, pais e autarquias metem mãos à obra, comer bem é possível

Chama-se “Eat Mediterranean” e é um projeto que desde 2015 está a tentar “reduzir as desigualdades nutricionais em meio escolar”

Quando muitas vontades se juntam, movem montanhas e, desde setembro de 2015 que no distrito de Santarém há três agrupamentos de escolas que remam para o mesmo lado – o da promoção de uma alimentação saudável dos alunos.

O projeto de intervenção comunitária chama-se “Eat Mediterranean – Programa da Dieta Mediterrânea” e nasceu da preocupação de um grupo de educadores com os alimentos consumidos pelas crianças e adolescentes dos agrupamentos de escolas Dr. Ginestal Machado, Sá da Bandeira e José Relvas. A ideia é pôr os miúdos não só a comer melhor como a fazerem, por si só, boas escolhas e contribuírem “para a redução das desigualdades nutricionais em meio escolar”. Tudo através da promoção da dieta mediterrânica – um objetivo ambicioso que só tem sido possível graças ao trabalho coordenado entre escolas, autarquias e entidades da saúde.

Segundo informação disponibilizada ao i pela Administração Regional da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) – a entidade que promove o projeto –, há dois objetivos centrais no programa. O primeiro é promover o “consumo de cinco porções de hortofrutícolas por dia”. O segundo é reduzir “o consumo de açúcar adicionado a um máximo de 20/25 gramas por dia [que corresponde a quatro ou cinco colheres de chá ou três pacotes de açúcar de oito gramas cada]”; reduzir a “gordura saturada e gordura trans”; e reduzir o sal a um “máximo de cinco gramas por dia [uma colher de chá]”.

Para chegar a este objetivo, os mentores do projeto – que conta com o apoio de médicos, nutricionistas e psicólogos – intervêm a três níveis: individual (em que trabalham com a criança e a família, fazendo uma avaliação do peso e estatura das crianças e dos hábitos alimentares e de atividade física para depois promoverem o acompanhamento nutricional e motivacional dos alunos); intervenções de grupo (promovendo ações educativas); e a nível de ambiente – que passa pela “melhoria da oferta alimentar em meio escolar”.

Neste último ponto, por exemplo, já foram avaliadas centenas de ementas das cantinas do ponto de vista nutricional e foram elaboradas novas ementas, equilibradas e que não acarretam custos extra para a família ou a escola.

O projeto teve financiamento da Islândia, Liechtenstein e Noruega, no âmbito do Programa Iniciativas em Saúde Pública, EEA Grants, do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu. Os restantes custos foram suportados pela ARSLVT. Em breve serão conhecidos os dados deste ano letivo sobre as mudanças alimentares dos alunos abrangidos. No último ano letivo, avaliaram o estado nutricional de 4 mil alunos e fizeram 413 ações de formação com as crianças sobre o pequeno-almoço, lanches e snacks ou a importância da sopa.