Montijo. Ryanair ataca monopólio da ANA Aeroportos

Para a Ryanair as palavras ANA Aeroportos e concorrência não combinam. 

De acordo com o presidente da companhia aérea, Michael O’Leary, a única maneira de ver a “concorrência funcionar” é afastar a ANA da gestão do aeroporto do Montijo.

“A concorrência real será boa para o consumidor”, defende a Ryanair, sublinhando que o facto de haver um monopólio ligado à realidade da ANA Aeroportos de Portugal, a abertura do solução complementar ao aeroporto de Lisboa tem vindo a ser adiada. Ou seja, para Michael O’Leary, bastava que “fosse outro operador” e o aeroporto no Montijo “ia abrir mais cedo”.

Uma das críticas do irlandês vai no sentido de ver que este operador continua a impor constrangimentos vários no que respeita ao aumento do movimento no aeroporto da capital portuguesa: segundo a Ryanair, os movimentos deviam chegar aos 50 por hora e não aos 40 impostos atualmente.

Mas as críticas não se ficaram por aqui. O’Leary sublinhou ainda que é impossível entender a necessidade de fazer uma análise ambiental tendo em conta que a zona já é afetada por operações miliares e remata argumentando que “agora que são campeões no futebol e nas canções [Eurovisão], também deviam ser no turismo. Além de vocês odiarem perder para Espanha”. O argumento usado pelo responsável irlandês baseia-se no facto de as taxas aeroportuárias estarem a baixar em Espanha, o que poderá levar a um desvio da operação.

Em conferência de imprensa, o presidente da companhia aérea de baixo custo aproveitou ainda para sublinhar a importância da Ryanair e da sua operação em Portugal. A transportadora anunciou mesmo que registou um número recorde de reservas de voos de verão, o que permite dizer que, “este ano, a Ryanair transportará mais de 10 milhões de clientes de/para Portugal”.

Contactada pelo i, a ANA Aeroportos de Portugal disse apenas que não fará comentários sobre o assunto.

Guerra das taxas A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) autorizou, em março deste ano, a atualização de parte das taxas aeroportuárias propostas pela ANA Aeroportos, mas há questões que ficaram por analisar.

De acordo a ANA, a “ANAC aprovou nos exatos termos propostos pela ANA, para 2017, em todos os aeroportos da rede, as taxas de aterragem, estacionamento, abrigo, abertura de aeródromo, taxas de assistência em escala regulada (assistência a passageiros/balcões de check-in e assistência a bagagem), bem como as taxas de CUPPS (Common Use Processing Passenger System), CUSS (Common Use Self-Service) e BRS (Baggage Reconciliation System)”.

O que também ficou logo decidido foi o travão à escalada de preços. A ANAC decidiu, em fevereiro, não aprovar a entrada em vigor das taxas que a ANA queria aplicar este ano. O tarifário que a gestora dos aeroportos portugueses tinha para 2017 previa que a variação do conjunto de taxas, tivesse por base um aumento médio de 1,69% este ano.