Maçonaria. O que pode mudar?

Cerca de dois mil maçons vão escolher daqui a duas semanas o grão-mestre do GOL. Fernando Lima rejeita «revoluções». Adelino Maltez promete tirar a maçonaria da «clandestinidade» e Madeira de Castro quer criar o hino do GOL.

Cerca de dois mil maçons vão escolher o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) nos dias 3 e 4 de junho e já receberam os programas dos três candidatos. Fernando Lima, atual grão-mestre, candidata-se ao terceiro mandato e tem como adversários o professor universitário Adelino Maltez e o economista Daniel Madeira de Castro.

Lima, que, se for eleito, será o primeiro grão-mestre a cumprir três mandatos, aposta em «reorganizar» e «implementar reformas, de forma planeada», mas avisa, logo a abrir o programa de candidatura, que a maçonaria «não convive bem com «refundações ou revoluções».

Fernando Lima tem o apoio dos ex-grão-mestres António Arnaut e António Reis. «Saberá inovar mantendo a tradição», escreve o ex-deputado socialista e historiador no programa do atual grão-mestre, que tem como lema «Renovar e Prosseguir».

Os três candidatos prometem mudanças na organização no sentido de a adaptar aos novos tempos. Fernando Lima defende «maior rigor» no recrutamento e «mais e melhor eficaz comunicação com o mundo profano, que contribua para uma percepção mais justa da comunidade sobre quem somos e o que fazemos e que permita marcar os nossos valores, de forma mais eficiente, no mundo profano».

A garantia de que é preciso «tirar o GOL da clandestinidade» é um dos principais pontos do programa de Adelino Maltez. O professor universitário e comentador político defende que «a maçonaria não pode ser, em democracia, local de opacidade, tal como de nós diz o mundo profano, tantas vezes por responsabilidade nossa».

 

João Soares e Álvaro Beleza contra tanto secretismo

Adelino Maltez conta com o apoio de conhecidos maçons como o socialista João Soares, o advogado Ricardo Sá Fernandes ou o médico Álvaro Beleza.

João Soares assumiu esta semana, publicamente, o apoio à candidatura de Adelino Maltez. «A maçonaria pode desempenhar um grande papel na sociedade e tem estado aquém», disse, em entrevista ao i, o ex-presidente da câmara de Lisboa. O socialista e médico Álvaro Beleza, outro dos apoiantes do professor universitário, explica ao SOL que o grão-mestre «tem de ser uma pessoa culta, preparada e respeitada» e «Adelino Maltês é um professor, um académico, uma pessoa de cara lavada». Beleza garante que «nesta eleição não está ninguém contra ninguém. Esta abertura faz falta. Votar para eleger é uma condição da democracia interna da instituição. É uma escolha entre irmãos, fraterna, tranquila em que vigora o ‘fair-play’».

Daniel Madeira de Castro candidata-se pela segunda vez. A proposta mais mediático do economista é estudar a criação de um hino do GOL, mas Madeira de Castro também tem como objetivo melhorar a comunicação entre a instituição e o exterior. O candidato tem defendido que é preciso passar a usar mais os meios de comunicação tradicionais e mesmo as redes sociais para passar a mensagem e «acabar com o mito de que a maçonaria é uma sociedade secreta». Exercer o cargo em regime de exclusividade é outra das propostas do economista.

Os candidatos já realizaram três debates, mas só os maçons puderam assistir. Nas eleições só podem participar os irmãos com o grau de mestre. As regras da organização preveem ainda uma segunda volta se nenhum dos candidatos vencer com maioria absoluta.