Cinco filmes para ver na Festa do Cinema

Do regresso de “Cartas da Guerra” às salas ao novo capítulo acrescentado por Ridley Scott à saga de “Alien”, filmes haverá para todos os gostos para ver durante estes dias de Festa do Cinema, que termina quarta-feira. Melhor é aproveitar, que bilhetes a 2,50 euros não são coisa que se veja por aí todos os…

Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira

Prometido é devido e depois de este fim de semana ter vencido o Globo de Ouro de Melhor Filme nos prémios anualmente atribuídos pela SIC, “Cartas da Guerra”, o filme em que Ivo M. Ferreira adaptou ao cinema as cartas enviadas por António Lobo Antunes à sua mulher durante a Guerra Colonial, reunidas em “D’ este viver aqui neste papel descripto” (Dom Quixote) regressa às salas durante os três dias da Festa do Cinema. Uma segunda oportunidade para ver no cinema o filme que arrecadou nove prémios nos Sophia e que foi visto em sala por mais de 22 mil espectadores.

I Am Not Your Negro, de Raoul Peck

Em 1979 James Baldwin comprometia-se com a “complexa tarefa” de contar a história da América a partir das histórias de Medgar Evers, Martin Luther King Jr, Malcom X, três amigos seus, três negros assassinados por uma América que gritava em protestos que mistura de raças era comunismo. Princípio de livro de memórias nunca terminado que deu “Remember This House”, 30 páginas manuscritas à data da morte do escritor em 1987 e em que quase 30 anos depois o haitiano Raoul Peck decidiu pegar para levar ao cinema num tocante documentário que nos transporta pela história dos problemas raciais nos EUA até aos dias de hoje.

A Senhora Oyu, de Kenji Mizoguchi 

Quando se diz que a Festa do Cinema se estende a todas as salas está a falar-se mesmo de todas, daí que venha quase como obrigatória a referência à retrospetiva que, entre o Espaço Nimas, em Lisboa, e o Teatro do Campo Alegre, no Porto, a Medeia Filmes tem vindo a dedicar à obra do japonês Kenji Mizoguchi, da qual em cartaz nestes três dias de descontos estão “A Mulher de Quem se Fala”, “Os Amantes Crucificados” e “A Senhora Oyu”. Adaptação do romance em que Jun’ichirô Tanizaki sobre um amor proibido como forma de explorar a hipocrisia das relações incestuosas no seio de uma família abastada do Japão do pós-guerra. 

Alien: Covenant, de Ridley Scott

Michael Fassbender como um androide que dá pelo nome de David a ensinar outro Michael Fassbender, no papel de Walter, uma versão já 2.0, a tocar flauta será cena demasiado confusa para início de descrição de “Alien: Covenant”, novo capítulo da saga assinado por Ridley Scott, que em 1979 nos deu o primeiro e que depois de deixar o franchise andar pelas mãos de James Cameron ou David Fincher decidiu voltar em 2012 com “Prometheus”, prequela que a muitos terá sabido a pouco mas da qual vem agora redimir-se com a (des)agragadável surpresa deste “Alien: Covenant”.

Fátima, de João Canijo

“Sei por que estou a ir, mas não consigo entender por que é que estas pessoas estão a sofrer desta maneira para fazerem este caminho”, contava-nos João Canijo sobre a peregrinação que ele próprio fez a Fátima assim que decidiu fazer este filme que, mais do que qualquer outra coisa, é um filme sobre como um realizador leva 11 atrizes ao seu limite. Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Márcia Breia, Ana Bustorff, Íris Macedo, Teresa Madruga, Teresa Tavares, Alexandra Rosa e Sara Norte, lista que por si já nos convence a esta viagem pela contradição entre a procura do transcendente e uma vida que disso não terá nada.