Brasil. Polícia federal prende assessor de Temer e dois ex-governadores

Detidos são suspeitos de corrupção, no âmbito das obras no estádio de Brasília, antes do Campeonato do Mundo de futebol

Michel Temer sofreu esta terça-feira novo revés político, com a detenção de um dos seus assessores mais próximos. Numa altura em que se encontra fortemente pressionado a apresentar a demissão, fruto da delação premiada de dois administradores da empresa JBS que, suportadas por gravações controversas, levaram o Supremo Tribunal Federal brasileiro a ordenar uma investigação, pela suspeita de crimes de corrupção passiva, obstrução à justiça e organização criminosa, o presidente do Brasil vê agora Tadeu Filippelli – ex-deputado do PMDB e antigo vice-governador do Distrito Federal – ser detido pela polícia, devido a suspeitas de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e subornos.

Para além da detenção do  assessor de Temer, foram hoje cumpridos nove mandados de prisão, expedidos pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, no âmbito da Operação Panatenaico, um dos muitos eixos que surgiram através da Lava Jato, a maior investigação judicial de corrupção da História do Brasil.

Entre os presos destacam-se os ex-governadores José Roberto Arruda (entre 2007 e 2010), do PR, e Agnelo Queiroz (entre 2011 e 2015), do PT.

De acordo com a acusação do Ministério Público Federal, em muito baseada nas delações de executivos da empresa Andrade Gutierrez, foi constituído um cartel de empreiteiras, para assegurar que o concurso da remodelação do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, por ocasião do acolhimento do Campeonato do Mundo de Futebol, em 2014, resultaria na escolha da Andrade Gutierrez e de outra empresa.

Para colocar tal plano em prática, terão sido subornados diversos políticos e funcionários públicos, num total de 15 milhões de reais (mais de 4 milhões de euros), pagos em donativos para campanhas eleitorais e através de falsificações de contratos de prestação de serviços.

“Os indícios demonstram que Filippelli cometeu diversas vezes o delito de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa ”, refere fonte da justiça federal à “Folha de São Paulo”.