Açúcar em risco de faltar

As refinarias portuguesas estão em risco de ruptura e receiam que possa ter de ser feito um novo racionamento de açúcar no país, dado à falta crescente do produto.

a emblemática fábrica pastéis de belém e a confeitaria artesanal arcádia, por exemplo, garantem que estão atentas ao problema. e admitem que caso a situação se agrave pode ter impacto na produção e também no preço dos produtos. «para tentar contornar o problema e evitar prejuízos num possível racionamento, temos mais de um fornecedor», diz ao sol miguel clarinha, um dos gerentes dos pastéis de belém. já a gigante nestlé, por seu lado, adianta que tem stocks suficientes até 2013, para resistir a uma eventual crise.

certo é que joão pereira, presidente do conselho de administração da refinarias de açúcar reunidas (uma das três que existem no país) tem vindo a alertar para a difícil situação em que vive o sector. «o açúcar está mal encaminhado em termos de quantidade e no mau caminho em termos financeiros», avisa joão pereira, lembrando que este cenário resulta do facto de a comissão europeia (ce) – para proteger a indústria de beterraba – apenas autorizar as refinarias europeias a aprovisionar-se sem pagamento de tarifas em certos países sub-desenvolvidos (preferenciais), não tendo estes matéria-prima suficiente. «muitas vezes temos que recorrer ao brasil para ter acesso a quantidades suplementares de açúcar e chegamos a pagar 500 euros por cada tonelada acima da quota. é insustentável», diz.

a gravidade da situação das refinarias nacionais levou, aliás, a que os eurodeputados portugueses integrassem um grupo de trabalho para encontrar soluções imediatas. mas as ‘negociações’ com o comissário europeu da agricultura estão a ser difíceis. «mostrou abertura para fazer uma reunião, mas adoptou uma postura muito cautelosa em relação à alteração de tarifas», adiantou ao sol o eurodeputado capoulas santos.

as refinarias garantem contudo que, se a ce não aceitar as alterações, o sector ( responsável por mais de 80% do açúcar branco no mercado nacional) entra em colapso. do gabinete da ministra da agricultora vem a garantia de que assunção cristas está a acompanhar o caso e que o governo está, no seio da ue, a «pressionar para que as refinarias possam ter abastecimento regular a preços competitivos».

hugo.alegre@externo.sol.pt