Greve geral afetou país de norte a sul

A greve nacional começou à meia noite de sexta-feira tendo sido  no setor da saúde que se sentiu o primeiro impacto. Na manhã de ontem instituições do Estado de norte a sul do país tinham as portas encerradas.

Várias escolas, hospitais e outros espaços públicos e serviços do estado estiveram ontem encerrados e a funcionar através de serviços mínimos por causa da greve nacional da Função Pública.

Um cenário que os sindicatos dizem que se registou de norte a sul do País. No Porto, a greve levou ao encerramento de dez escolas, uma delas a Clara de Resende. Na zona da Grande Lisboa, também se verificou o fecho de várias escolas, como nos casos das Professor Delfim Santos, Filipa de Lencastre ou Pedro Santarém, em Lisboa. Em Loures não abriram portas quatro escolas que são frequentadas por mais de três mil alunos.

Também na área da Saúde vários hospitais não funcionaram a 100% e muitas consultas acabaram por ser adiadas. É o caso dos hospitais de Penafiel, Pedro Hispano, em Matosinhos, o de Vila Nova de Gaia e o de São João e Santo António, no Porto, que tiveram adesões acima dos 75%. Em Vila Nova de Gaia, disse à Lusa o coordenador dos Sindicatos dos Trabalhadores da Função Pública, Orlando Gonçalves, a adesão foi de «100%» e não foram «sequer respeitados os serviços mínimos».

Também a coordenadora do FNSTFPS, Ana Avoila, garantiu ao SOL que a extensão do protesto foi de norte a sul em vários setores: «Os hospitais estiveram quase todos apenas a funcionar com serviços mínimos, na Educação vimos distritos inteiros de escolas encerradas, houve muitos consulados e embaixadas fechados pelo mundo inteiro, a Segurança Social do Areeiro encerrou as portas, a Torre de Belém. No campo da Justiça, a maior parte das cadeias encerraram os serviços administrativos».

Este foi o primeiro protesto nacional, em 2017, dos trabalhadores do Estado mas é a segunda greve geral que António Costa enfrentou desde que chegou ao Governo.

Os trabalhadores marcaram o protesto em abril para exigir o aumento geral dos salários, o descongelamento das carreiras e a entrada de mais funcionários nos quadros. Além disso, querem travar o processo de descentralização de competências, que o Governo tem intenção de aplicar após as eleições autárquicas e querem aplicar o horário semanal de 35 horas em todos os setores da função pública. É que o regime das 35 horas que foi reposto em julho de 2016, deixou de fora os funcionários com contrato individual de trabalho, sobretudo os que prestam serviço nos hospitais EPE.

«O descontentamento mostrado nesta resposta é muito grande e o Governo tem de saber ler por uma razão simples: os funcionários da Função Pública ajudaram a derrubar a maioria absoluta do antigo Governo e criaram expectativas», lembrou Ana Avoila.

Também o dirigente sindical Artur Sequeira, sublinhou que «a luta é sempre algo que está em aberto. Se o Governo não der respostas, os trabalhadores vão responder com luta».