Carlos Moedas: “Os conselhos que os nossos pais nos dão são sempre muito maus”

Conferências dos Estoril decorrem entre os dias 29, 30 e 31 de maio

Carlos Moedas: “Os conselhos que os nossos pais nos dão são sempre muito maus”

O comissário europeu Carlos Moedas, responsável pela pasta da Investigação, Ciência e Inovação, esteve hoje no Youth Summit, uma iniciativa inserida nas Conferências do Estoril, onde deixou um conselho aos jovens que assistiam: “sigam a vossa paixão”

Moedas começou por reconhecer que a Europa passa por temos difíceis e que os jovens terão vários desafios pela frente. “Vivemos uma crise financeira, uma crise migratória, com o terrorismo, a crise do Brexit, mas acho que, no geral, se tivesse de escolher uma altura para nascer, seria esta”, afirmou.

O comissário europeu lembrou os tempos difíceis que as gerações anteriores tiveram de viver, alertando para a necessidade de a comunidade jovem não ignorar o passado e aprender com os erros cometidos nas décadas passadas. “Lembro-me quando um muro dividia as pessoas de Berlim, quando Schengen ainda não era uma realidade e tínhamos de ser revistados em todas as fronteiras europeias, lembro-me da altura em que o meu pai era jornalista e não podia escrever livremente porque tinha medo de ser preso. Vocês não se lembram dessa altura, mas têm de lutar para que não se repita”, afirmou Carlos Moedas.

Questionado por uma jovem estudante sobre os problemas de desemprego, os argumentos usados para não empregar os mais novos e a dúvida sobre se valerá a pena continuar a investir na educação e no futuro quando as entidades empregadoras continuam a preferir “pessoas mais velhas e com experiência”, o comissário europeu deu uma resposta inesperada: “Quando temos 17 ou 18 anos, seguimos o que as pessoas nos dizem. Os conselhos que os nossos pais nos dão são sempre muito maus, porque têm muito medo do risco e pedem-nos sempre para seguirmos a via mais segura. Nunca seguimos o que sentimos, a nossa paixão. O vosso trabalho é seguir essa paixão e para isso é preciso ter autoconfiança”, disse Carlos Moedas, defendendo que os sistemas educativos devem incutir este espírito nos alunos europeus.