Capital de risco. “Há neste momento dinheiro como nunca existiu”

A garantia é dada por Nuno Sebastião, chairman da empresa portuguesa Feedzai, que esteve presente no Horasis Global Meeting

O capital de risco é visto por muitos empresários como um instrumento financeiro importante para o arranque dos negócios. Pelo menos esta é a opinião partilhada com o i por alguns oradores do painel “Advancing Corporate Venturing” no evento Horasis Global Meeting.

Nuno Sebastião, chairman da Feedzai, uma das startups portuguesas mais conhecidas internacionalmente, garantiu que “há neste momento dinheiro como nunca existiu”, mas deixou um recado para quem quer avançar num novo projeto: “Atingir o sucesso dá trabalho. Não basta ter apenas uma boa ideia”, referiu ao i.

O empreendedor disse ainda que “ao contrário do que acontecia, por exemplo, nos anos 90, agora há outros critérios a obedecer de forma a conseguir captar capital de risco, há uma seleção e já houve uma aprendizagem muito grande”.

A Feedzai foi fundada em Coimbra e, além de estar na cidade portuguesa, conta ainda com escritórios em Silicon Valley, Nova Iorque e Londres. Já tem operação nos Estados Unidos e conta como clientes com empresas como a First Data, WorldPay, PayPoint, Deloitte, Vodafone, Ericsson e Servebase Credit Card Solutions.

Brasil recebe maior injeção Um dos casos abordados foi a realidade brasileira, com Rodrigo Menezes, managing partner da Derraik & Menezes Associados, a admitir ao i que “o capital de risco no Brasil está a passar por um desenvolvimento interessante que envolve elevados montantes de investimento e acaba por levar ao amadurecimento deste mercado”.

E dá como exemplo o maior financiamento feito a uma start-up brasileira, anunciado a semana passada. Trata-se da 99, principal startup de mobilidade urbana do Brasil, que vai receber um investimento de 100 milhões de dólares (mais de 89 milhões de euros) da SoftBank, multinacional japonesa de telecomunicações e internet.

Com esta injeção de capital, a 99 vai aumentar o serviço de carros particulares 99 POP com vista a consolidar a sua liderança neste segmento no mercado brasileiro, assim como a sua atividade na América Latina.

Rodrigo Menezes admitiu que a instabilidade política vivida no Brasil “atrapalha um pouco”, mas não ao ponto de dificultar o aparecimento de novas start-ups. “O maior investimento neste segmento no Brasil foi feito na semana mais problemática do ponto de vista político”, disse.

A verdade é que as startups estiveram em foco, nestes dias, no Horasis Global Meeting. No painel inaugural, realizado na passada sexta-feira, o presidente da associação ChinaEU garantiu que todos os dias são criadas no mercado chinês cerca de 30 mil startups, grande parte do setor tecnológico. “Estamos apenas no início do que será uma nova revolução”, disse Luigi Gambardella, chamando ainda a atenção para o facto de a China já não estar a imitar o que é feito no resto do mundo, uma vez que está a criar a sua própria tecnologia.