Pressão alta para agências mudarem o rating de Portugal

Governantes acreditam que é possível com a saída do procedimento por défice excessivo se situação económica continuar a ser favorável

Primeiro foi Mário Centeno , depois António Costa, agora é a vez de Marcelo Rebelo de Sousa dizer que acredita que é possível melhorar o rating de Portugal em setembro, altura em que a agência Moody’s volta a avaliar o país – isto se a situação económica continuar a evoluir de forma positiva. Estas declarações começaram a surgir depois de a Comissão Europeia ter proposto a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo (PDE).

“Se a evolução da economia continuar a que tem sido, até setembro, parece justo haver aquilo que vai reforçar a confiança dos investidores na economia portuguesa”, afirmou ontem o Presidente da República. Também António Costa deixa a mesma esperança. “Não há dado económico que não diga o óbvio: que o rating deve ser revisto. Quando for revisto, não será necessariamente uma surpresa. É manifesto que a avaliação de hoje de Portugal é muito diferente da situação que era em 2011.” Para o primeiro-ministro, “o facto de a Comissão Europeia ter proposto que Portugal saia do procedimento por défice excessivo só reforça esta ideia.

É a própria Comissão Europeia que reconhece que há confiança no futuro da economia portuguesa para, de um modo duradouro e sustentável, termos um défice que cumpra as regras europeias e que mantenhamos uma trajetória sustentada da redução da nossa dívida”, acrescentou. O argumento vai ao encontro do que tinha sido defendido por Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos, ao admitir que o desempenho económico português merece uma avaliação mais positiva por parte das agências de notação.

“Quando o desempenho macroeconómico melhora (…) não será ilógico que aqueles que avaliam a economia portuguesa se deem conta de que os riscos não podem ser olhados hoje com os óculos de ontem, e que há boas razões para confiar mais em Portugal hoje, o que não era o caso no passado”, disse. Também o prémio Nobel da Economia em 2001, Joseph Stiglitz, afirmou ontem que as agências de rating deveriam alterar a classificação da dívida soberana portuguesa. Ainda assim, deixa um alerta: “Não se sabe o que farão porque têm motivações políticas.” Três atribuem lixoAtualmente, as três principais agências mundiais – Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch – colocam Portugal no nível lixo. Só a canadiana DBRS atribui BBB (baixo) com perspetiva “estável”. Aliás, é com base nesta decisão, divulgada em abril deste ano, que Portugal continuou a ser elegível para o programa de compra de dívida por parte do Banco Central Europeu (BCE).