Caldeira Cabral: “Portugal quer continuar a construir pontes”

Ministro da Economia substituiu António Costa no discurso de encerramento das Conferências do Estoril

O primeiro-ministro António Costa tinha sido convidado para fazer o discurso de encerramento das Conferências do Estoril, esta quarta-feira, mas, convocado pelo Presidente da República, teve de ser substituído pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que alertou para os perigos do terrorismo e do enclausuramento europeu, através de muros de betão ou de “indiferença”.

“O terrorismo não é apenas um ataque à nossa vida, é também um ataque ao modo como vivemos. Ao tomarem por alvo escolas e locais de culto, transportes públicos e salas de concertos, os terroristas ameaçam o quotidiano das nossas sociedades. Ao tomarem por alvo pessoas comuns, em particular mulheres e crianças, os terroristas ameaçam o próprio futuro destas sociedades”, afirmou Caldeira Cabral.

O ministro da Economia elogiou também a forma como Portugal tem recebido os vários refugiados e migrantes que têm chegado ao nosso território e a forma como as comunidades têm recebido estes grupos de pessoas: “Historicamente, Portugal é um país de emigrantes, mas nas últimas décadas tornou-se também um país de acolhimento. A experiência tem sido muito positiva, tendo sido acolhidos na sociedade portuguesa, com elevados níveis de sucesso, imigrantes provenientes de várias origens geográficas, com referências culturais diferentes e professando as mais variadas religiões. Os portugueses orgulham-se de ser há muito um país aberto ao mundo, um país pronto a partir em direção a outro, mas também um país pronto a acolher o outro”.

O ministro da Economia defendeu que a Europa deve continuar a ter fronteiras externas, mas deve também continuar a não ter barreiras internas, porque, tanto nas questões relacionadas com os fluxos migratórios, como nos problemas ligados ao terrorismo, “o maior risco que corremos é acreditar que podemos proteger-nos por detrás de um muro, que seja de betão, quer seja de indiferença. Numa altura em que muitos parecem apostados em construir muros, Portugal quer continuar a colaborar com aqueles que querem construir pontes”.