Turismo sobe a fasquia

Em julho de 1972 inaugurámos o Restaurante Casa Velha, na Quinta do Lago, uma reconstrução fiel da casa do monte da antiga quinta, decorada em estilo rústico sofisticado por Pedro Leitão, dando início a um processo de valorização do setor do turismo e do imobiliário turístico que ao longo dos últimos 45 anos sofreu vários…

Enquanto que as receitas provenientes da invasão do turismo low cost favoreceram a balança comercial, investimentos privados em empreendimentos de qualidade atendem uma clientela atraída pelo “Portuguese Style” de sobriedade e bom gosto e um atendimento atencioso e personalizado, permitindo resultados compensadores do investimento.

Hotéis como o Yeatman e o Six Senses no Douro, o Palácio das Cardosas no Porto, o Conrad e o Sana no Algarve e Boutique Hoteis como o Memmo Príncipe Real e o Consulat, no Largo do Camões, o Bela Vista, na Praia da Rocha, conjuntos gastronómicos com o Bairro do Avillez e o JNcQUOI no Fashion Clinic em Lisboa, todos com qualidade superior e preços inferiores aos seus congéneres no estrangeiro.

Na área cultural acontece uma explosão, com o MAAT e a realização do ARCO de Madrid em Lisboa, o MNAA com a Madonna do Vaticano, o São Carlos com ópera de primeira, a Fundação Gulbenkian retomando a programação de alto nível do passado, o CCB despertando após um longo período adormecido. Ambos oferecem as melhores óperas do mundo em direto, a Gulbenkian da Metropolitan Opera House de Nova Iorque e o CCB com a Royal Opera House de Londres. A Casa da Música no Porto acompanha com uma programação ambiciosa. No Porto acontece o maior festival popular das artes com o Serralves em Festa.

No desporto, a recuperação dos campos de Vilamoura, agora com a D. Pedro Golfes, lidera um verdadeiro boom. 

A Câmara Municipal de Cascais, com o presidente Carlos Carreiras, está na vanguarda do apoio a eventos de alto nível que valorizam o alojamento e a restauração. As Conferências do Estoril, em curso esta semana, atingem repercussão internacional.

A notoriedade gerada pelo turismo, aliada com a imagem de estabilidade económica, política e social tem repercussão direta no investimento estrangeiro no imobiliário, que sendo para habitação ou investimento, não é inflacionário.

A internacionalização de Lisboa, Porto e Algarve, com a fixação de residentes provenientes de todas as partes do mundo, tem características próprias. Não são refugiados, nem emigrantes à procura de uma vida melhor. Também não são os bilionários que distorcem os valores em cidades como Londres, Nova Iorque ou Monte Carlo. São profissionais liberais, executivos de multinacionais que estabelecem operações em Portugal e reformados prósperos atraídos pelo clima, pela segurança, pela hospitalidade e pelos preços competitivos. A qualidade dos serviços de saúde privados e até públicos também é um fator de confiança. Existe também um contingente de estudantes estrangeiros nas universidades, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente.

O atual conflito gerado em relação ao alojamento local poderia ter sido evitado se o Secretário de Estado do Turismo do anterior Governo, sem experiência, tivesse reunido as partes em presença e arbitrado uma fórmula de consenso. Preferiu proclamar o seu ultraliberalismo. Tal como no imbróglio dos Vistos Dourados e nas filas de horas de espera nas chegadas internacionais no Aeroporto de Lisboa, livremo-nos do mau hábito de matar as galinhas dos ovos de ouro.

*Empresário