Maçons divididos. Há15 anos que não havia segunda volta

“O GOL não é um protopartido”, diz ao i Fernando Lima para marcar a diferença da candidatura de Adelino Maltez. Os maçons voltam a votar no dia 24 deste mês

Os maçons vão voltar a ser chamados a votar no dia 24 deste mês para eleger o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL). Ao contrário do que aconteceu em 2011 e 2014, Fernando Lima não conseguiu captar mais de metade dos votos e vai disputar a segunda volta com o professor universitário Adelino Maltez.

Contas feitas, Fernando Lima ficou à frente com mais de 37%, mas longe dos cerca de 60% conseguidos há três anos, quando disputou a eleição com Francisco Carromeu e Daniel Madeira de Castro.

O ex-militante do CDS Adelino Maltez conseguiu cerca de 33% dos votos e o economista Madeira de Castro, que se candidatou pela segunda vez, foi o menos votado, abaixo dos 30%.

Há 15 anos que as eleições no GOL não eram tão renhidas. Para encontrar uma situação semelhante é preciso recuar até 2002, quando António Arnaut foi eleito grão-mestre.

Até dia 24, Fernando Lima e Adelino Maltez vão voltar à estrada e sobretudo aprofundar os contactos com os maçons que apoiaram Madeira de Castro. O economista não vai dar indicação de voto na segunda volta. “Podia dar apoio pessoal a alguma das listas, mas não o vou fazer. Estou excluído, portanto estou fora”, diz, em declarações ao i, Madeira de Castro.

A campanha só pode arrancar quando os resultados forem oficiais. Fernando Lima, num curto comentário ao i sobre os resultados, diz que a sua candidatura continua “a entender que a maçonaria é uma ordem iniciática, humanista, defensora da liberdade, igualdade e fraternidade. Cada maçon deve aplicar estes valores na sociedade”. O atual grão-mestre explica a diferença em relação à outra candidatura: “Continuamos a entender que o GOL não é um protopartido.” Lima elogia Madeira de Castro e garante que é “um grande maçon com 40 anos de maçonaria e ainda tem muito para dar ao GOL”.

“ESTA DIVISÃO É NATURAL”

A divisão nesta eleição é encarada com naturalidade por António Reis, ex-grão-mestre do GOL. Ao i, o socialista explica que “o povo maçónico é soberano e é natural que tenha existido esta divisão de votos”.

António Reis é apoiante da recandidatura de Fernando Lima e está convicto de que o advogado tem “todas as condições para ganhar a segunda volta. Aposta na renovação na continuidade e, sobretudo, apresenta um saldo claramente positivo do que foi feito ao longo dos últimos seis anos”. A relação da maçonaria com o exterior dominou a primeira volta da campanha. Adelino Maltez apresentou-se como o candidato que quer “tirar o GOL da clandestinidade”. O agora candidato defendeu numa entrevista ao “SOL”, no final de 2016, que a maçonaria não tem sabido adequar-se aos novos tempos. “Não me parece que numa sociedade aberta tenha de haver tantos cuidados.”

O mais mediático dos três candidatos contou com apoios de personalidades como o ex-ministro da Cultura João Soares ou o advogado Ricardo Sá Fernandes. Ao i, Álvaro Beleza, outro dos apoiantes, afirma que “não é uma surpresa” haver uma segunda volta. “Espero que a candidatura de Adelino Maltez vença as eleições, para uma mudança tranquila e serena, sempre na defesa da Constituição e dos valores da maçonaria universal”, diz.