Portugal no mundo

Em sítios recônditos, quando digo que sou português, de imediato as faces se abrem num sorriso, pronunciando: ‘Cristiano’.

Começo por dizer que estou de férias algures no estrangeiro, com fusos horários significativamente diferentes e acompanho a vida nacional pelas leituras diárias na internet, incluindo alguns artigos de opinião.

Ou seja, não ouço ao vivo alguns intervenientes citados, correndo o risco de algumas notícias serem deturpadas por interpretações erróneas dos jornalistas.

Mas mesmo com fusos horários diferentes, há notícias que me conseguem surpreender pelo sensacionalismo de algumas declarações.

Em capa, o Jornal de Negócios de quarta-feira citava uma entrevista de um professor de Harvard, certamente um insigne académico, Kennett Rogoff, que referia ter sido «pouco normal nas circunstâncias vividas Portugal não ter tido um perdão de dívida».

Li e reli a notícia. Estaria esse professor suficientemente informado de quem detinha a dívida portuguesa?

Esses perdões de dívida, sugeridos como ‘normais’, com elevado número de subscritores privados – como bancos nacionais (sem falar nos inúmeros particulares) detentores de dívida pública portuguesa –, não arrastariam alguns deles para a falência por insuficiência de rácios?

Não implicariam perdas de depósitos dos respetivos clientes?

Não teriam impacto em futuras subscrições de dívida pública nacional?

A que propósito se vem agora falar de um passado que tivemos de viver, continuamos a viver e teremos de viver, sobretudo quando intervenções deste género podem ser perniciosas para o futuro? Quem as profere sabe as consequências do que sugere ou infere de raciocínios deslocados no tempo?

 

Há meses surgiram notícias de que a Santa Casa da Misericórdia poderia vir a deter ações do Montepio. Apesar de rapidamente desmentidas, na altura, por Pedro Santana Lopes, tive o palpite de que não seria bem assim.

Hoje, com Carlos Costa metido no assunto, persuadindo a Santa Casa a entrar com uns milhões largos (140 M?), começo a ter a certeza de que estamos na presença de ‘argumentos’ demasiado fortes para PSL manter o não.

Fosse o Montepio um investimento seguro, certamente a sua reação inicial teria sido diferente. Defensor – como sou – de regras de corporate governance, será que terceiros independentes dariam o aval? Que dizem os auditores da Santa Casa? Sendo esta uma instituição pública, apenas peço, como cidadão, que as suas ações de governança, neste caso de investimentos, sejam avaliadas sob critérios técnicos e económicos, com total transparência. Peço demasiado?

 

Mudo de agulha: quero ser positivo! Pouco ou nada falo de futebol nestas linhas, conhecida a minha verve benfiquista.

Mas desta vez abro uma exceção: chego a sítios recônditos e, conhecida a minha nacionalidade – em aviões, hotéis ou por companheiros circunstanciais de viagem –, de imediato as faces se abrem num sorriso, pronunciando ‘Cristiano’ mais vezes até que ‘Cristiano Ronaldo’!

Este é um facto iniludível e que me enche de orgulho, por reconhecerem o meu país, associado a uma lenda a que raros se alcandoraram.

Bem podem os meus amigos sportinguistas reivindicar as suas origens leoninas, com justificada razão! Mas a verdade é que, como diria Camões, «aqueles que se vão da Lei da Morte libertando…» tornam-se ícones nacionais – e, como tal, a todos nos agregam.

Fica tão fácil explicar a seguir como é Portugal, como somos portugueses, graças a este ‘CR icebreaker’!