FEST. Um ícone queer, a crise espanhola e muito do novo cinema

Arranca esta noite a 13.ª edição do FEST – Festival Novos Realizadores Novo Cinema, em Espinho.  Com dezenas de filmes de novos realizadores nacionais e internacionais e convidados como o diretor de arte de “A Lista de Schindler” ou o escultor que criou a máscara de Darth Vader 

Arte, porno, ou ambos? Pergunta à qual vem responder o biopic do finlandês Dome Karukoski sobre Touko Valio Laaksonen, conhecido como Tom of Finland, o artista que na segunda metade do século XX se fez ícone ao trazer o universo do sexo gay hardcore para o mainstream. Filme que no Festival de Gotemburgo deu ao realizador um prémio FIPRESCI, atribuído pela crítica, e que marca esta noite a abertura de mais uma edição do FEST – Festival Novos Realizadores Novo Cinema, que decorre até 26 de junho em Espinho, com o objetivo de proporcionar aos cineastas emergentes um espaço de exibição e promoção do seu trabalho, além da formação de novos públicos para o cinema independente. 

A fechar o festival – que a uma secção dedicada a primeiras e segundas obras de longa-metragem, nacionais e internacionais, nos géneros de ficção e documentário (em competição pelo Lince de Ouro), junta uma outra de curtas-metragens produzidas por realizadores com menos de 30 anos, agrupadas entre documentário, ficção, animação e o género experimental (Lince de Prata), além da NEXXT, secção em que é apresentada uma seleção de obras de estudantes de cinema de várias escolas europeias – virá “The One Eyed King”, de Marc Crehuet, uma comédia negra sobre os efeitos da crise em Espanha a partir da peça de teatro homónima do realizador, encenador e argumentista espanhol. Haverá ainda lugar para as não-competitivas “Flavours of the World”, que nesta edição coloca a produção grega e iraniana em destaque, a “Be Kind Rewind”, a dar destaque ao projeto “Off The Wall Espanded: Across the Line”, que reúne histórias sobre a Europa contadas por uma nova geração de realizadores, e ainda, com programação dedicada a crianças e adolescentes, a secção FESTinha.

Mas nem só de filmes se faz o FEST, que a cada edição aposta forte nas atividades educativas, com o evento paralelo “Training Ground”. Uma semana de workshops, masterclasses, palestras e debates a cobrir as várias áreas da produção cinematográfica, da realização à distribuição. E depois da presença do húngaro Béla Tarr, na edição passada, este ano marcam presença em Espinho nomes como Ed Lachman, diretor de fotografia que ao longo dos anos trabalhou com realizadores como Steven Soderbergh, Todd Haynes ou Sofia Coppola, Brian Muir, um dos escultores mais respeitados da indústria cinematográfica, autor por exemplo da mácara de Darth Vader ou a armadura dos stormtroopers da saga “Star Wars”, apenas um entre dezenas de filmes que se somam no seu currículo, em que estão ainda “Alien”, “007”, “Harry Potter e a Ordem da Fénix” ou “Lara Croft: Tomb Raider”. Entre as mais de duas dezenas de formadores do Training Ground estarão ainda ao longo da semana nomes como Gareth Wiley, produtor de vários filmes de Woody Allen (“Match Point”, “Vicky Cristina Barcelona”, “Scoop”) ou as realizadoras portuguesas Salomé Lamas (com uma masterclass no domingo, às 13h) e Luísa Sequeira (workshop “Fimmaking with mobile phone”, quarta-feira, às 10h) e Nuno Lopes, para um Q&A sobre representação na quinta-feira, às 14h.