Governo alertado para ameaça de incêndios de risco elevado desde maio

Secretário de Estado da Administração Interna havia prestado declarações a uma estação de rádio portuguesa, em maio deste ano, em que anunciava que se esperava um ano muito mau em termos de incêndios florestais

Governo alertado para ameaça de incêndios de risco elevado desde maio

O diário espanhol “La Vanguardia” escreveu que o secretário de Estado do ministério da Administração Interna português já havia admitido, em maio, que as perspetivas da campanha deste ano contra os incêndios florestais eram muito negativas mas, que no entanto, o governo não terá atuado para remediar esta situação.

A 15 de maio, durante a apresentação do plano contra os incêndios florestais, no Algarve, “o secretário de Estado do Ministério Português da Administração Interna desabafou”, escreve o “Vanguardia”. “Depois de informar que o balanço dos primeiros quatro meses deste ano agravaram consideravelmente desde 2016”. Citam as palavras ditas “com reserva” do secretário de Estado sobre as perspetivas para esta temporada: "2017, 2017. Se fosse um pouco consciente, fugia". As palavras “premonitórias” de Gomes podem ser ouvidas no site da estação de rádio da TSF. Segundo a imprensa espanhola, estas palavras cobrem a atualidade porque, no sábado à noite e no domingo, o secretário de Estado foi convidado a informar o público sobre o número crescente de vítimas do incêndio Pedrógão Grande, onde há registo de, pelo menos, 64 mortos e 157 feridos, em que 7 se encontram em estado grave.

Ontem, o secretário de Estado, Jorge Gomes “desapareceu da cena pública” enquanto a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, assumia as funções de porta-voz do comité para a crise.
A 15 de maio de 2017, Gomes definiu este ano como “atípico”, com outra declaração que o diário espanhol considera “chocante”: "o que já ardeu, não vai voltar a arder."                 

Ontem, o governo informou que até 15 de junho, já arderam 15.184 hectares, número onze vezes maior que o de 2016. No entanto, em 2012 por esta altura, havia 35,805 hectares queimados, sendo que no final do ano eram 110.232 hectares de terreno queimado.

 Para o “Vanguardia”, uma das questões mais polémicas terá sido a demora que se deu no corte do trânsito na estrada nacional 236, em que morreram 48 pessoas. Segundo o diário, há testemunhos que asseguram que a polícia os terá desviado para essa estrada quando esta já estava “em chamas”. O mesmo diário escreve ainda que uma das polémicas atuais é a discussão para a política florestal portuguesa, tendo em conta a “massa negra de eucaliptos em brasa” de Pedrógão Grande.