Médicos sem especialidade vão continuar no SNS

Garantia do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, no Parlamento

Os mais de 100 médicos que em 2015 ficaram sem vaga numa especialidade, e que só estavam autorizados a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) até final de junho, vão ser autorizados a continuar no serviço público. A revelação foi avançada pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, esta quarta-feira na comissão parlamentar de Saúde.

A audição do membro do executivo foi requerida pelo PCP, na sequência da previsão de que cerca de 700 médicos iriam ficar sem acesso a uma vaga na especialidade no concurso deste ano. Esta comissão acontece um dia depois de a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) ter revelado que 347 médicos – aos quais se juntam os 266 que desistiram – ficaram sem vaga no concurso deste ano, já que o último lugar foi ocupado nesta terça-feira.

Em resposta às preocupações demonstradas pelos deputados de todos os partidos, Adalberto Campos Fernandes reconheceu haver um "problema estrutural" na formação médica que preocupa o Governo e garantiu estar "disponível para, com os diferentes partidos, encontrar uma solução". Ainda assim, o ministro da Saúde lembrou que neste ano foi aberto o maior número de vagas de sempre e ressalvou que essa abertura está sempre dependente das capacidades formativas que são também identificadas pela própria Ordem dos Médicos. O membro do executivo salientou ainda esperar uma auditoria ao próprio processo de determinação do número de vagas, para que se possam afinar os critérios de identificação das capacidades de formação de cada hospital e centro de saúde com “qualidade e segurança”.

Adalberto Campos Fernandes deixou ainda um alerta. “Não é útil que o país dê um sinal errado às famílias de que esta vocação é destinada a um emprego certo, o que não acontece em nenhuma outra profissão”, realçou, explicando que o objetivo imediato passa por pedir à Ordem dos Médicos para tentar, no próximo ano, aumentar ainda mais as vagas de formação, o que significa tentar manter a trabalhar no SNS os médicos mais velhos e com capacidade para ensinar – o ministro prometeu ainda que vão abrir em breve concursos para assistentes graduados sénior e para consultores.