Nadal e Federer imunes ao vírus dos n.º 1

Tem andado por aí um vírus a infetar a realeza do ténis, principalmente os n.º1 mundiais do presente, do passado e até do futuro. Djokovic foi o primeiro a dar sinais da doença, depois de completar o Grand Slam de carreira. Depois o vírus apanhou o Murray assim que ele chegou a n.º1. A Angelique…

Tem andado por aí um vírus a infetar a realeza do ténis, principalmente os n.º1 mundiais do presente, do passado e até do futuro. Djokovic foi o primeiro a dar sinais da doença, depois de completar o Grand Slam de carreira. Depois o vírus apanhou o Murray assim que ele chegou a n.º1. A Angelique Kerber foi destruída por ele e a última vítima foi o Sasha Zverev. Os principais sintomas são perda de motivação, letargia e irritabilidade. O Federer e o Nadal parecem ser totalmente imunes a este vírus, o que tende a provar que, afinal, eles não mesmo humanos».

Só o impagável e inimitável John McEnroe, um dos melhores tenistas de sempre, seria capaz de colocar tão bem o dedo na ferida.

‘Big Mac’ fez esta genial apreciação na sua rubrica Comissário do Ténis, do programa do Eurosport Game, Schett & Mats.

Outra lenda-viva do ténis, Andre Agassi, disse numa entrevista a Mats Wilander: «Quando cheguei a n.º1 do Mundo, fiquei isolado naquele pequeno segredo que todos descobrimos… que a vida não muda depois disso e que é preciso voltar lá para dentro (do campo) e repetir. Sofri um valente tombo e quase desisti. Quis ter uma razão para jogar, já não queria jogar para o sucesso nem por dinheiro».

Em 1991, João Lagos trouxe Boris Becker a Portugal para jogar no Porto. O alemão era n.º2 mundial mas tinha sido n.º1 pouco tempo antes e aceitou que eu partilhasse com ele a viagem de automóvel para o aeroporto.

Não consigo transcrever taxativamente o que me contou mas admitiu que ao chegar a n.º1 viveu um conflito interno, por ter de justificar esse estatuto dentro e fora do court. Becker preocupava-se em passar mensagens com significado para o Mundo, porque o líder do ténis deveria aproveitar o seu mediatismo para promover causas.

Há uma frase que nunca esquecerei: «O Stefan Edberg vive muito mais à vontade com o peso do n.º1 do que eu».

Atente-se agora ao desabafo de Andy Murray, o actual líder do ranking, antes de Roland Garros: «Cheguei ao n.º1 no final do ano passado e tem havido momentos este ano em que tem sido difícil manter a motivação e estabelecer novos objectivos».

«Eu era um guerreiro no court. Investia-me tanto que mais nada existia. Agora, quando chego a casa não sou um jogador de ténis, sou um pai, um marido, um filho, um irmão, um amigo», declarou Djokovic há três semanas ao L’Équipe.

Enquanto isso, Roger Federer conquistou aos 35 anos o seu 18.º Major no Open da Austrália e Rafael Nadal somou o seu 10.º título de Roland Garros aos 31 anos.