PJ não descarta mão criminosa como origem do incêndio

Os inspetores estão a explorar todas as possibilidades para a origem do incêndio. Presidente da Liga dos Bombeiros diz ter informação “muito fidedigna” de que o incêndio não foi provocado por trovoada seca

A origem do incêndio nos concelhos de Pedrógão Grande, Góis e Pampilhosa da Serra pode ter origem criminosa. Este é um cenário que está a ganhar força e que a Polícia Judiciária não exclui.

No sábado, quando teve início o incêndio, o Ministério Público ordenou a abertura de um inquérito “para averiguar as causas e consequências do incêndio em Pedrógão Grande”. E fonte da PJ disse ao i que “até ao termo do processo crime todas as possibilidades são exploradas”. Ou seja, é um cenário em cima da mesa. E cada vez mais reforçado.

Desde que teve início o maior e o mais mortal incêndio em Portugal, as autoridades apenas têm vindo a apontar uma trovoada seca como a causa do fogo que até agora conta com 64 mortos e cerca de duas centenas de feridos.

A queda de um raio numa árvore na localidade de Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, foi a causa inicialmente apontada pelos bombeiros, proteção civil, PJ e mesmo pelo primeiro-ministro e pelo presidente da república, nestes últimos quatro dias.

No entanto, ontem, em declarações ao i, o presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, disse não ter dúvidas de que a origem do fogo “teve mão criminosa”. O representante dos bombeiros foi mais longe, aliás, garantindo mesmo que tem informação “muito fidedigna” e rematando que “o incêndio já estava a decorrer há cerca de duas horas”, quando se fez sentir a trovoada seca na região.

Horas depois, a PJ fez saber que iria contactar Marta Soares “em sede própria e na maior brevidade” de forma a que o representante dos bombeiros fornecesse “à investigação os pormenores da denúncia que faz e que transmita os factos que conhece que lhe permitem tirar essa conclusão”, disse ao i outra fonte da PJ.

Jaime Marta Soares disse entretanto ao i ainda não ter sido contactado pela PJ, garantindo não estar “surpreendido” e manifestou-se “totalmente disponível” para contribuir para a investigação.

Incêndios de Pedrógão e Góis dominados O incêndio de Pedrógão foi dominado durante a tarde de ontem, num perímetro de 153 km. No entanto, segundo o comandante da Proteção Civil, Vítor Vaz Pinto, os dispositivos de combate ao incêndio vão manter-se na região, não havendo, até ao final do dia de ontem, uma redução de meios. Já o incêndio de Góis foi dado como dominado na manhã desta quinta-feira.

Durante a tarde de ontem, regressaram às suas casas os habitantes de duas das 27 aldeias de Góis que foram deslocados na terça-feira. São já cinco as povoações às quais regressaram os seus habitantes.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, o incêndio consumiu cerca de 30 mil hectares de floresta.