UE também destaca empresas portuguesas

Dominó e Critical Materials, dois exemplos que Bruxelas quer mostrar aos europeus

O destaque das empresas portuguesas cofinanciadas pela União Europeia – que não integraram a visita de imprensa internacional em que o i participou – vai para dois casos marcados pelo empreendedorismo e pela renovação tecnológica.

A Dominó, na região de Coimbra, produz pavimentos e revestimentos em cerâmica para construção e reabilitação e é um dos casos de sucesso da utilização de fundos europeus. “É uma empresa portuguesa e de capitais portugueses”, como fez questão de sublinhar ao i o CEO, João José Xavier, filho do fundador da empresa-mãe. 

Em 2008, com a crise global, a empresa “responsável por quase 200 postos de trabalho viu o seu volume de negócios encolher”, recordou João José Xavier, destacando que a Dominó conseguiu manter-se no mercado “apostando na exportação”. Atualmente, 65% da produção é exportada para 60 países, com foco no centro da Europa. A Dominó produz 14 mil metros quadrados de produtos cerâmicos por dia.

Em 2013, a empresa reestruturou a estratégia comercial investindo em maquinaria e na qualificação da mão-de-obra, com ajuda de financiamentos europeus. Inverteu a trajetória descendente no volume de negócios e começou uma recuperação gradual das vendas. O CEO estima que, em 2017, a Dominó atinja uma faturação de 16 milhões.

Outra das razões pelas quais a Dominó é apresentada como um exemplo, além de continuar nas mãos da família que a fundou, é o facto de a empresa não ficar num grande centro urbano, como o Porto ou Lisboa. Está localizada em Condeixa, onde sempre esteve.

Outro exemplo destacado pela União Europeia também fica fora dos principais centros urbanos. A Critical Materials está sediada em Guimarães, tendo sido fundada em 2009 por dois professores da Universidade do Minho.

A empresa desenvolve “produtos e soluções que analisam o estado dos materiais que integram estruturas em aviões, helicópteros e aerogeradores”, explicou ao i o CEO, Gustavo Dias, acrescentando que os setores que mais utilizam estas soluções são o aeronáutico, o aeroespacial, a energia e as infraestruturas.

Os materiais têm sensores que recolhem informação que depois é tratada informaticamente, “fornecendo prognósticos e diagnósticos” que “permitem melhorar a segurança”, assim como otimizar os recursos e “diminuir os custos de manutenção dos ativos”, detalhou o responsável.

Foi o que aconteceu com o helicóptero que transportou o Papa Francisco entre a base militar de Monte Real e o estádio em Fátima, aquando da sua visita a Portugal, em maio. A aeronave estava equipada com um sistema da Critical Materials.

A empresa, que conta com cerca de 20 colaboradores, recorreu ao Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, o que permitiu uma maior consolidação e a abertura de portas de novos mercados.

Gustavo Dias adiantou que “Portugal representa apenas 10% do volume de negócios, que em 2016 foi de 1,3 milhões de euros”. Para 2017 é estimado um crescimento significativo. “O número mágico é de 12%”, acrescentou o responsável, que tem vindo a colaborar com a Agência Espacial Europeia, a Boeing e a Airbus.