O i sabe que Marcelo Rebelo de Sousa vai pressionar o governo e todas as autoridades com responsabilidades no dispositivo de combate aos incêndios, para que até 31 de julho se respondam a muitas das perguntas que agora começam a surgir. Ou seja, antes que o Parlamento encerre a sessão legislativa, que é retomada em setembro.
É este o prazo que Marcelo Rebelo de Sousa exige que não seja ultrapassado para que “não esvazie o significado do apuramento nem acabe por retirar utilidade às suas conclusões”.
Hoje, no Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa escreve um artigo a frisar que “é tempo de apurar tudo sem limites nem medos” sobre o incêndio de Pedrógão Grande, que roubou a vida a 64 pessoas e feriu mais 200. Para o Presidente, é necessário “apurar o que estrutural ou conjunturalmente possa ter causado ou influenciado quer o sucedido quer a resposta dada”.
O artigo do Presidente é publicado um dia depois de confirmadas pela Proteção Civil as falhas na rede de comunicações de segurança e emergência (SIRESP).
SIRESP não funcionou mais de 14 horas e meia
O i avançou ontem que a rede SIRESP não funcionou durante 14 horas e meia. Entre as 19h de sábado e as 9h30 de domingo, durante o pico do incêndio, as autoridades que combatiam as chamas – bombeiros, GNR e Proteção Civil – não tiveram forma de comunicar entre si.
Na altura da falha, já o fogo lavrava o concelho de Pedrógão há cerca de cinco horas e os bombeiros comunicaram através de rádio interno mas não conseguiram comunicar com as outras autoridades.
Esta falha de comunicação poderá ser uma das explicações para que a estrada nacional 236-I, onde morreram 47 pessoas, não tenha sido encerrada ao trânsito pela GNR.
A Proteção Civil confirmou ontem as falhas no SIRESP em reposta ao primeiro-ministro, dando conta que os bloqueios de comunicação continuaram até terça-feira, quatro dias depois do início do incêndio.
A rede SIRESP faliu depois de terem ardido as três antenas instaladas na zona, na serra da Lousã, Malhadas e Pampilhosa da Serra.
Às 23 horas de sábado foram pedidos dois carros de apoio, com antenas para que o sinal de comunicações fosse restabelecido, mas só um chegou ao local, às 8h30 de domingo.
Isto porque o carro de apoio que se encontrava em Fátima, mais próximo de Pedrógão, “está avariado desde a visita do Papa a Portugal”, disse ao i uma fonte próxima do teatro de operações.
Costa exige explicações ao MAI
Horas depois de ter recebido resposta da Proteção Civil, António Costa enviou um despacho à ministra da Administração Interna (MAI), Constança Urbano de Sousa, para que apure “cabalmente” junto da secretaria-geral do MAI e da empresa que gere o SIRESP, uma empresa público-privada, todas as ocorrências das falhas de comunicação.
Por considerar ser “elemento relevante” para o inquérito em curso do Ministério Público, Costa dá ainda indicações a Urbano de Sousa para que dê conhecimento das informações recolhidas à Procuradora Geral da República, dando conhecimento à ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.