Tecnologia está a mudar negócios e competências

A computação cognitiva, a IoT ou a blockchain estão a alterar a forma como se fazem negócios e a criar novos. Inteligência artificial ao serviço do homem ajuda a melhores decisões.

A tecnologia está a transformar os negócios, as competências e os postos de trabalho. Estas mudanças estiveram em discussão esta semana em Lisboa, num evento em que a computação cognitiva teve a primazia. «A computação cognitiva está e vai transformar muito rapidamente muitas indústrias e profissões», resumiu Ulisses de Melo, diretor de investigação da IBM.

O responsável falava no Watson Portugal Summit 2017, evento no qual exemplificou algumas das mudanças que esta evolução está a fazer. «Vai mudar a forma de trabalhar dos advogados no Brasil», afirma, uma vez que o atraso de leitura dos processos e artigos judiciais será feito pelo Watson, que assim conseguirá revelar qual a jurisprudência que está a ser seguida em determinado tema.

A computação cognitiva utiliza tecnologias de linguagem natural, de machine learning e de raciocínio automático, desenvolvendo capacidades para resolver uma grande variedade de problemas práticos, aumentar a produtividade e adotar novas descobertas nos vários setores.

Um deles é a agricultura, que também se está a digitalizar. «Os tratores têm a bordo computadores que geram dados a cada dois segundos e metro a metro, numa agricultura que é de precisão», diz Ulisses de Melo. Com esta informação sabe-se qual é a «espécie certa, no solo certo e no clima certo» o que permite «duplicar a produtividade, sem aumentar o volume de terra», acrescenta.

Ajudar a tomar decisões

O IBM Watson, plataforma de inteligência artificial para as empresas, é um sistema que aprende à escala, raciocina com um propósito e interage com humanos de forma natural para ajudar a tomar as melhores decisões. O paradigma é a medicina.

O Watson consegue ler cerca de 5000 novos estudos médicos por dia, além de permitir utilizar dados médicos e dados de cada paciente para um tratamento mais personalizado.

«A computação cognitiva vai ajudar. Vai ajudar a aumentar a capacidade cognitiva do ser humano para tentar melhorar o conhecimento», argumenta o responsável pela investigação da multinacional norte-americana de tecnologia.

A computação cognitiva está também na Internet of Things (IoT). «A IoT está a mudar os modelos de negócio», diz por seu lado o vice-presidente da IBM. Por exemplo, os «dados dos sensores dos sistemas de trânsito ou a informação sobre as viagens de elevador são tudo IoT», diz Christian Kirschaniak, lembrando que a maioria da população vai viver em cidades, que «têm de ser olhadas como entidades» para aplicar a tecnologia.

«Os dados mostram as verdadeiras dinâmicas das cidades, muitas vezes escondidas», e permitem encontrar novos negócios.

A expectativa é que o mercado mundial das IoT atinja os 14,2 biliões de dólares até 2022 e a IBM trabalha com milhares de clientes de IoT em seis continentes, incluindo algumas das principais empresas do setor automóvel, do setor do petróleo e gás e também com alguns dos aeroportos mundiais mais movimentados.

«As soluções cognitivas de IoT são de aprendizagem e aplicação do conhecimento aprendido de forma a melhorar os negócios», diz Kirschaniak.

Transações do futuro

Esta transformação digital e a emergência de novas tecnologias têm impacto nos novos modelos de negócio e operacionais nas várias indústrias. A blockchain – a base das transações do futuro – está a mudar o sistema financeiro e a evoluir para além deste (ver texto ao lado).

Esta «é já uma realidade para a qual temos exemplos concretos nos mais diversos setores de atividade», diz António Rapode de Lima, presidente da IBM Portugal. «O Watson tem uma capacidade inesgotável, ao serviço do ser humano», afirma.