Aviação. EUA bateram Europa nas encomendas em Paris

A rivalidade entre a Boeing e a Airbus continua, e no mercado mundial da avaliação, cada vez mais competitivo, foi a empresa norte- -americana que conseguiu mais encomendas a semana passada, naquele que foi o maior evento da indústria do ano

A Boeing foi a grande “vencedora” do International Paris Airshow, que ontem terminou. A construtora aeronáutica norte-americana recebeu 571 encomendas para os seus modelos, no valor total de 75 mil milhões de euros. A rival europeia Airbus, líder do mercado, anunciou 326 encomendas, no valor de 40 mil milhões de euros.

Este valor e número de encomendas são os mesmos que a Boeing conseguiu só com o novo 737 MAX 10, apresentado logo no início do certame.

O MAX 10 é o maior dos modelos 737 e compete diretamente com o Airbus A320 neo. Com os mais recentes avanços em motores e aerodinâmica, a Boeing promete às companhias aéreas poupanças significativas de combustível. Estas responderam com centenas de encomendas deste modelo.

A maior fatia do mercado da aviação comercial diz respeito a aviões de corredor único para médio curso, e a Airbus, que foi a primeira a atualizar esta gama com motores mais eficientes, lidera o mercado com 60% de quota.

De acordo com a Boeing, o 737 MAX 10, com capacidade para transportar 230 passageiros, custa menos 5% a operar que o Airbus A320 neo.

“Esta grande aceitação do mercado colocou o 737 MAX 10 como o avião de corredor único mais eficiente e lucrativo do mercado”, anunciou a Boeing em comunicado.

Por seu lado, a Airbus preferiu olhar para o cenário maior. “O nosso sucesso comercial da semana em Paris acrescenta 326 encomendas, no valor de 40 mil milhões de dólares, ao nosso diversificado catálogo de 6800 aviões, um recorde da indústria”, disse um responsável comercial da construtora europeia. John Leahy acrescentou que a diferença para a Boeing é menor se o critério for o de encomendas assinadas, e não apenas do de anúncios de encomendas.

Já o CEO da Airbus, Fabrice Bregier, revelou que a prioridade da companhia é acelerar a produção para 60 unidades por mês dos A320 em 2019, de forma a assegurar que são entregues rapidamente aos clientes. O objetivo é ainda conseguir entregar 200 destes aviões.

Apesar do domínio da Boeing e da Airbus na indústria mundial de aviação civil, o duopólio está a ser desafiado. A concorrência quer ganhar uma quota importante do mercado no futuro.

O International Paris Air Show, que se realiza de dois em dois anos, é o maior evento de aeronáutica e espaço de todo o mundo. Nesta sua 52.a edição houve vários outros fabricantes a revelarem as suas novidades.

A Embraer aproveitou para mostrar o seu novo avião militar KC-390, uma aeronave com múltiplas aplicações como busca e salvamento, transporte e lançamento de cargas e tropas, combate a incêndios, reabastecimento em voo ou evacuação médica.

A aeronave conta com diversos painéis de conceção e fabrico português: a fuselagem central, os sponsons (compartimento do trem de aterragem) e os lemes de profundidade.

Portugal levou ao certame o cluster português da Aeronáutica, Espaço e Defesa (AED Cluster Portugal), que assinou protocolos de colaboração com os congéneres de Hamburgo (Alemanha) e de Ontário e Montreal (Canadá).

Com Hamburgo, um dos polos mais importantes da indústria aeronáutica na Europa, o objetivo do protocolo é reforçar a participação de empresas portuguesas no setor aeronáutico europeu.

No caso do Canadá, um dos poucos países que fabricam aviões, o objetivo passa por estreitar as relações comerciais entre as empresas portuguesas e canadianas.

Hoje em dia, o AED Cluster Portugal representa mais de 60 entidades e 18 mil empregos, com uma faturação total superior a 1700 milhões de euros, dos quais 80% correspondem a exportações.

Mercado a crescer

Também os ucranianos da Antonov apresentaram o seu mais recente avião An-132, enquanto a canadiana Bombardier exibiu o seu aparelho CS300, com alcance de 4600 quilómetros e 145 lugares. A japonesa Mitsubishi apresentou pela primeira vez o seu novo jato para voos regionais e a também nipónica Kawasaki estreou o P-1 de patrulha marítima.

A expetativa é que o mercado duplique nos próximos 20 anos, com os mercados asiáticos a puxarem pelo crescimento.

Os números mais recentes apontam para a necessidade de mais 35 mil novos aviões comerciais nas próximas duas décadas, num valor total de mais de 5 biliões de euros.

encomendas teve o Boeing 767 MAX 10, no valor de 75 mil milhões de dólares milhões de euros é a faturação total do cluster português do setor. 80% são exportações serão os novos aviões necessários no mercado mundial nos próximos 20 anos326