Tiago Rodrigues reconduzido na direção do Teatro D. Maria II

Anúncio foi feito pelo Secretário de Estado da Cultura na apresentação da programação para a próxima temporada, que abre com “Lear”

A seis meses do final do atual mandato, Tiago Rodrigues foi reconduzido no cargo de diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II por mais três anos, juntamente com o conselho de administração do teatro, composto por Cláudia Belchior, Sofia Campos e Rui Catarino, anunciou nesta segunda-feira o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, na apresentação da programação para a próxima temporada.

“A capacidade de dar estabilidade às equipas e permitir que o tempo atue sobre as apostas programáticas é fundamental para boa gestão de uma organização e o cumprimento da sua principal missão, que é pública”, afirmou Miguel Honrado neste regresso à casa cujo conselho de administração já integrou. Antes que Tiago Rodrigues apresentasse a programação do Teatro Nacional D. Maria II para a próxima temporada – que abrirá com “Lear”, um espetáculo com encenação de Bruno Bravo a partir de “King Lear”, de William Shakespeare, mas ao contrário do que tinha sido já anunciado não contará com a participação de Eunice Muñoz – Miguel Honrado aproveitou ainda para sublinhar em breve estarão aprovados pelo governo os contratos plurianuais para os teatros nacionais e para a Companhia Nacional de Bailado. 

“Só falta a assinatura do [Ministério das] Finanças, penso que antes de Agosto esta situação estará resolvida”, garantiu o secretário de Estado já no final da conferência de imprensa. “Desde 2009 que a salvaguarda de um trabalho com visão estratégica de longo prazo estava suspensa”, recordou. “Neste momento, estes organismos voltam a poder planear e perspetivar o seu trabalho de produção e de criação a longo prazo e com base em diretrizes e estratégias transversais a nível nacional.”

O anúncio da recondução de Tiago Rodrigues na direção artística do teatro com seis meses de antecedência “radica na mesma preocupação tida com os contratos-programa [com os teatros], uma preocupação de sustentação na relação com o meio artístico”. Meio ano que é “precioso”, diz Tiago Rodrigues, “num cenário tão precário como é o da criação artística” em Portugal.

De Lear à Peça Escocesa

Sem Eunice Muñoz, conforme havia já sido anunciado, será então “Lear”, a partir de King Lear, de William Shakespeare, a abrir a temporada. Um espetáculo apresentado pela Primeiros Sintomas, com encenação de Bruno Bravo, que estará em cena na Sala Garrett de 16 de setembro a 15 de outubro. De Shakespeare haverá ainda “Macbeth”, a produção do Teatro Nacional de São João com encenação de Nuno Carinhas que, acabada agora de sair de cena no Porto, chegará em dezembro a Lisboa, naquela que será a primeira encenação da peça desde 1964, ano em que um incêndio destruiu por completo o teatro no final de uma apresentação da “peça maldita”.

Outro dos grandes destaques da próxima temporada, inaugurada a 16 de setembro com dois dias de programação gratuita, é o regresso de Peter Brook a Portugal com “Battlefield”, a partir de “Mahabhrata” e da obra de Jean-Claude Carrière, numa parceria entre a sala lisboeta e o LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival. Em novembro Tiago Rodrigues apresenta “Sopro”, uma produção do Dona Maria II que terá antes disso a sua estreia no festival de Avignon.
A partir de janeiro, Jorge Silva Melo leva à Sala Garrett com os Artistas Unidos “O Grande Dia da Batalha”, variações sobre “Albergue Noturno”, de Máximo Gorki, e maio marcará o regresso a território nacional da brasileira Christiane Jatahy, que apresenta pela primeira vez em conjunto em Portugal a trilogia “Julia”, “E se elas fossem para Moscou?” e “A Floresta Que Anda”.