Supermercados. Marcas brancas voltam a recuperar terreno

Portugueses compram menos, o que levou o mercado de grande consumo a cair 4,5% no primeiro trimestre, mas gastam mais fora de casa.

O mercado de grande consumo continua a perder terreno junto dos portugueses ao registar uma quebra de 4,5% em volume e uma descida de 0,5% em valor até março. A fórmula é simples: em cada ida ao supermercado, os consumidores nacionais gastam menos. Esta é uma das conclusões da quarta edição do Marcas+Consumidores da Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca. 

De acordo com o relatório, o recuo das compras em cada ida ao hipermercado tem sido sobretudo notório, em volume, nas categorias de alimentação (-6%), alimentação animal (-5,3%), higiene pessoal e beleza (-3,1%) e limpeza caseira (-2,5%), registando as bebidas uma evolução nula.

Dentro da alimentação, os frescos mantêm-se como “o maior investimento dos lares dos portugueses”, seguidos pelos produtos lácteos, mercearia doce e mercearia salgada. Só o setor das refeições prontas registou um crescimento (+3,4%) em 2017 face ao ano anterior. 

"Num contexto de um país com sinais crescentes de envelhecimento, com menos pessoas por lar e mais lares sem crianças, o número de ocasiões de compra por lar e de ocasiões por dia de compra diminuiu ligeiramente face a 2016. Que, por sua vez, já vinha de um decréscimo face a 2015”, revelou o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel.

Marcas brancas recuperam terreno

Ao contrário do que aconteceu no ano anterior, neste primeiro trimestre do ano, as marcas de distribuidor – mais conhecidas por marcas brancas – voltaram a recuperar face às marcas de fabricante. No primeiro trimestre, vendas em volume das marcas de distribuidor voltam a rondar metade do mercado (49%), embora tal parcela corresponda a uma percentagem substancialmente inferior que analisadas das vendas em valor, refletindo um valor unitário bastante menor. Daí, Pedro Pimentel chamar a atenção para o facto de as marcas de fabricante estarem em dificuldade “porque a compra está a perder intensidade e porque a pressão promocional não cessa de aumentar, mas as promoções já não produzem o efeito desejado”. 

No entanto, a responsável pelo estudo, Blandine Meyer, da Kantar Worldpanel lembra que “as marcas de fabricante estão em dificuldade também porque a compra está a perder intensidade e porque a pressão promocional não cessa de aumentar, mas as promoções já não produzem o efeito desejado”.

Os dados mostram ainda que apesar do mercado de grande consumo ter caído assistiu-se a um incremento do consumo fora de casa, nomeadamente na restauração, quer por via do turismo, quer das próprias famílias.

“Estamos a assistir a um impacto fortíssimo do turismo em termos do consumo, afetando positivamente as vendas. Por outro lado, mesmo em termos das famílias há neste momento alguma transferência do consumo de dentro para fora de casa e, se no período mais forte da crise económica as pessoas se restringiram muito ao consumo dentro de casa, evitando idas aos restaurantes, hoje esse consumo está a regressar”, acrescentou.