O ministro mentiu

O sucesso da TAP, no último ano e meio, deve-se à privatização realizada em 2015. Foi a entrada de capital pelo consórcio Atlantic Gateway que permitiu renovar a frota dos aviões; e foi também a abertura a novos mercados como os Estados Unidos, promovida por David Neeleman, que permitiu aumentar os passageiros transportados. O Governo…

O sucesso da TAP, no último ano e meio, deve-se à privatização realizada em 2015. Foi a entrada de capital pelo consórcio Atlantic Gateway que permitiu renovar a frota dos aviões; e foi também a abertura a novos mercados como os Estados Unidos, promovida por David Neeleman, que permitiu aumentar os passageiros transportados.
O Governo PS de António Guterres contratou Fernando Pinto para privatizar a TAP há mais de 15 anos. Várias tentativas foram feitas depois nesse sentido, quer pelos governos PS (António Guterres/José Sócrates) quer pelos governos PSD/CDS (Durão Barroso/Santana Lopes), sem sucesso. Foi o Governo de Passos Coelho que concretizou esse objetivo na plenitude das suas funções.
Pedro Marques não só mentiu, como usou uma linguagem que não é própria de um ministro, ao dizer que o Governo anterior tinha privatizado pela calada da noite e já depois de ter sido demitido. Deve ser da aliança com a esquerda radical que os leva a usar a mesma linguagem.

O PS deve ter privatizado mais empresas públicas do que o PSD e o CDS. Nunca reverteu nenhuma das suas privatizações, mas resolveu reverter a privatização da TAP e das concessões dos transportes públicos. O Estado só não voltou a ter 100% do capital da TAP porque Humberto Pedrosa e David Neeleman não permitiram, e estou em crer que a Comissão Europeia também não deixou, por causa da liberalização do transporte aéreo.
Desde que Fernando Pinto entrou na TAP, em 2000, que deixou de haver a governamentalização da empresa. Foi preciso António Costa ser primeiro-ministro para voltarmos a ver o espetáculo indecoroso que pensávamos já ter acabado.

A VEM (Varig Engenharia e Manutenção) foi comprada por um consórcio da Geocapital (65%) e da TAP (35%). A VEM sempre deu prejuízos e penalizou as atividades rentáveis do grupo TAP. Gostava que alguém me explicasse por que motivo o Estado deu ordem para a TAP comprar os 65% da VEM, que pertenciam à Geocapital, em que o melhor amigo de António Costa era administrador. Só se foi para os portugueses passarem a suportar os prejuízos da VEM.
É por estas e por outras que o melhor amigo de António Costa não devia aceitar ir para administrador da TAP, devia ter vergonha na reversão parcial da privatização da TAP – privatização esta que, apesar de tudo, está a ter enorme sucesso e vai continuar a ter – e do envolvimento que teve na venda à TAP da participação da Geocapital na VEM.
Parece que há muita gente da nossa elite política, económica, sindical e da comunicação social que se esquece de que, quando aderimos à CEE em 1985, entrámos numa comunidade em que vigora a economia de mercado. O tempo da economia de estado acabou com a queda do Muro de Berlim. Em Portugal não há uma cultura empresarial, pelo que quase todas as empresas públicas foram mal geridas e deram prejuízos nos últimos 40 anos, tendo aumentado em muito a dívida pública.
A privatização das empresas públicas tem a vantagem de passarem a ser bem geridas, não darem prejuízos e deixarem de ser governamentalizadas, com a nomeação de administradores com cartão partidário.

De uma vez por todas, tem de acabar a partidarização da Administração Pública e das empresas públicas. Todos os cargos de chefia têm de passar a ser escolhidos por concurso público, tendo em conta o mérito dos candidatos. Os dirigentes da Administração Pública têm de trabalhar com qualquer Governo eleito. Os gabinetes ministeriais têm de deixar de ser uma segunda Administração Pública.
Os dirigentes e os governantes do Partido Socialista criticaram o Estado Novo por nomear pessoas da família, amigos e do partido para cargos públicos sem concurso, não tendo em conta o mérito. Afinal, ainda fazem pior do que criticaram. Não devem saber o que é o nepotismo!
O governador do Banco de Inglaterra foi escolhido por concurso público internacional e é canadiano! O Presidente Marcelo deve obrigar o Governo de António Costa a respeitar a lei em vigor nas nomeações para cargos de chefia da Administração Pública e das empresas públicas. 
Desde que tomou posse, este Governo tem feito exatamente o contrário: fez nomeações arbitrárias e demitiu dirigentes que tinham sido escolhidos por concurso realizado pela Cresap!