Como churchill ajudou a afundar o lusitania

Foi há precisamente cem anos (abril de 1917) que os Estados Unidos da América, então liderados pelo Presidente Wilson – um pacifista convicto, diga-se –, declararam guerra à Alemanha. 

Muitos julgam que a sua participação na I Guerra Mundial resultou do naufrágio do Lusitania, um grande, rápido, moderno e luxuoso transatlântico britânico, que foi afundado por um submarino alemão.

Na realidade, a tragédia do Lusitania aconteceu dois anos antes, a 7 de maio de 1915, e, embora houvesse 123 americanos entre os 1195 mortos, Wilson adotou uma postura moderada. A gota de água foi um telegrama alemão que desafiava o México a aliar-se às forças do kaiser e a apossar-se de territórios norte-americanos.

Por que continua então a ser o Lusitania que prevalece no imaginário como a causa da entrada dos EUA no conflito?

Porque foi algo tão impactante e dramático que se sobrepõe a todos os outros acontecimentos. Erik Larson conta-o de forma magistral no seu livro A Última Viagem do Lusitânia.

Quando o navio saiu do porto de Nova Iorque, no dia 1 de maio, o ambiente era quase festivo. Embora alguns passageiros manifestassem apreensão, outros contavam anedotas e piadas sobre torpedos e naufrágios. Como Larson explica tão bem, o conforto a bordo do Lusitânia contrastava com as condições «implacáveis» nos submarinos, que «eram espaços apinhados […] com comida armazenada em todas as localizações possíveis, incluindo a latrina.

Os legumes e carne eram mantidos nos locais mais frescos, entre as munições. A água era racionada. Quem quisesse barbear-se tinha de o fazer com o que restasse do chá da manhã». O ar era húmido, abafado e rarefeito, por vezes quase irrespirável.

No entanto, a 7 de maio de 1915, foram os homens do submarino que levaram a melhor, semeando o terror, a morte e o caos entre os 1959 passageiros e tripulantes do Lusitania.

Não importa aqui nomear todas as causas que conduziram ao desastre, mas há um facto perturbador para o qual Larson chama a atenção. Desde o início que a tripulação e os passageiros do Lusitania estavam convencidos de que, uma vez chegado a águas territoriais britânicas (zona de guerra, portanto), o navio seria escoltado por contratorpedeiros da Royal Navy que garantiriam a sua segurança. Isso nunca aconteceu.

«É muitíssimo importante atrair navios neutros para as nossas costas, esperando sobretudo enredar os Estados Unidos com a Alemanha». O autor destas palavras acreditava que o afundamento de um navio com cidadãos americanos seria uma ótima notícia, pois ajudaria a arrastar os americanos para a guerra; era o primeiro lorde do almirantado e chamava-se Winston Spencer Churchill.