Menor procura mundial com maior oferta de fontes renováveis

Relatório sobre produção e consumo energético mundial no ano passado revela que há um recurso cada vez maior a combustíveis com menor teor de carbono

O mundo da energia está a mudar. O crescimento da procura global é mais lento e o recurso a combustíveis com menor teor de carbono é cada vez mais acentuado.

De acordo com o estudo anual “Statistical Review of World Energy”, da BP, em 2016, e pelo terceiro ano consecutivo, a procura global de energia foi fraca, tendo crescido apenas 1% – metade da taxa média de crescimento da última década.

As renováveis foram a energia que mais cresceu em 2016 (12% sem as barragens). Apesar de ainda fornecerem apenas 4% da energia primária total, o crescimento das energias renováveis representou quase um terço do crescimento total da procura de energia em 2016.

Já a produção de petróleo aumentou apenas 0,5%, a mais baixa desde 2009. O petróleo é o exemplo do ajuste simultâneo do mercado aos desafios de curto prazo. Os preços baixos do ano aumentaram a procura do petróleo em 1,6%.

O uso de carvão – o combustível fóssil mais intenso ao nível do carbono – caiu abruptamente pelo segundo ano, tendo registado uma redução de 1,7%, principalmente devido à queda da procura dos EUA e da China.

Menos emissões de Co2

A produção de gás natural foi também afetada negativamente pelos preços baixos, crescendo apenas 0,3%. Nos EUA, a oferta de gás natural desceu em 2016, tendo sido a primeira redução desde a revolução do xisto, em meados da década de 2000.

A combinação entre a fraca procura de energia e a mudança do mix de combustíveis resultou num crescimento de 0,1% das emissões globais de carbono. 2016 foi o terceiro ano consecutivo em que as emissões de CO2 ficaram quase estagnadas.

Na apresentação do relatório em Lisboa, o vice-presidente para a Europa da BP interpretou os dados do “Statistical Review” como um “tempo de mudança, um tempo de oportunidades, um tempo de ação e um tempo para fazer as escolhas certas”.

Segundo Peter Mather, “o mundo está em mudança política e geopolítica, o que torna mais difícil o planeamento”. De acordo com o responsável, o exemplo é o petróleo e o gás de xisto, cuja disseminação “era largamente imprevisível”.

A oportunidade está em todas as mudanças atuais. “Queremos operações seguras e fiáveis”, diz Peter Mather, quer seja em “petróleo e gás natural” ou nas “energias renováveis”. Mather aponta para que a “transição para o baixo carbono vai ser um desafio”, uma vez que “não se sabe qual será o “ritmo da mudança”. A ação passa pela “eficiência energética” seja qual for a fonte e pela “modernização da indústria” através da “digitalização” de todos os aspetos.

Mutação

Assim, conclui o vice- -presidente europeu da companhia, “sabemos que teremos de fazer escolhas” num negócio que está em constante mutação.

Peter Mather alertou que “é impossível saber em concreto como vai ser a transição para o baixo carbono”, mas que as companhias, como a BP, continuarão a investir nas energias alternativas, em empresas mais pequenas que desenvolvam novas tecnologias que permitam manter a segurança e a eficiência das operações e produtos.