Socialista pede demissões no governo

António Galamba diz que do ponto de vista “ético e político faz todo o sentido” a saída dos ministros da Defesa e Administração Interna. PM mantém confiança em Constança Urbano de Sousa.

O ex-dirigente socialista António Galamba defende a demissão dos ministros da Defesa e da Administração Interna. “Do ponto de vista ético e político, faz todo o sentido”, diz ao i o antigo deputado do PS, que foi um dos principais dirigentes no tempo de António José Seguro.

Galamba afirma que “é uma evidência que as coisas não correram bem e quem tem responsabilidades políticas tem de as assumir. Não é só enunciar que assume todas as responsabilidades políticas e depois não se passa nada”. Para este socialista, os políticos têm “responsabilidades acrescidas” e “não devem tentar passar entre os pingos da chuva”, mesmo que não tenham “responsabilidades diretas” nas situações que estão em causa.

Com António Costa de férias, coube ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, gerir a crise que está a abalar o governo com os acontecimentos em Pedrógão Grande e em Tancos. Ontem, Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, entrou em cena para garantir que as demissões não resolveriam nenhum problema. “As demissões, quando são pedidas, têm muitas vezes consequências perversas, que é criar a ilusão de que o problema está resolvido com a demissão”, disse o governante numa entrevista conjunta à Rádio Renascença e ao diário “Público”.

"Mudar o chip"

Pedro Nuno Santos argumenta que é preciso “mudar o chip” e deixar de ter como “primeira resposta” aos problemas “a exigência de uma demissão”.

O líder parlamentar do PS, Carlos César, também foi ontem questionado sobre a possibilidade de uma remodelação no governo e argumentou que não pode pronunciar-se sobre “essa matéria por razões institucionais. Não tenho de emitir opiniões sobre algo que cabe ao primeiro-ministro”.

César garantiu, a seguir à reunião do grupo parlamentar do PS, que estes acontecimentos não alteraram a avaliação “muito positiva” que os deputados socialistas fazem dos ministros da Defesa e da Administração Interna. Não deixou, porém, de reconhecer, em declarações à Lusa, que a “principal obrigação” do governo é “retificar o que é necessário retificar. O que é indesculpável é não alterar um procedimento que se tenha concluído como errado, ou ignorar consequências de uma orientação cujos resultados não tenham sido positivos”.

Alguns deputados ouvidos pelo i aguardam com expetativa as conclusões dos inquéritos em curso. “Não sei se haverá consequências antes disso”, diz um deputado socialista, reconhecendo que “há um certo clima de que as coisas não correram bem”.

Costa mantém confiança

António Costa afirmou que mantém “a confiança política” na ministra da Administração Interna. A garantia é dada na resposta às 25 perguntas feitas pelo CDS sobre os incêndios em Pedrógão Grande.

O CDS considera, no entanto, que “é uma resposta muito pequena para o que era necessário”. Assunção Cristas, em conferência de imprensa, defendeu que o primeiro-ministro deve explicar as razões que o levaram a manter Constança Urbano de Sousa no cargo. “Esperamos que o senhor primeiro-ministro volte para explicar de viva voz porque é que entende que estão reunidas as condições para manter a confiança política num membro do governo, neste caso a ministra da Administração Interna, que demonstra tantas fragilidades, que não ficaram de forma nenhuma explicadas com esta resposta do senhor primeiro-ministro.”

O CDS foi até agora o único partido a pedir a demissão dos ministros da Administração Interna e da Defesa. Cristas argumentou que “estes ministros não souberam estar à altura das suas responsabilidades”.