Como 8 milhões de ‘luvas’ foram parar às mãos de Sócrates

A investigação seguiu a par e passo o complexo rasto de alguns milhões, desde a origem até chegarem a Sócrates. E suspeita que algumas operações foram inventadas em datas posteriores aos factos, para ‘legalizarem’ as transferências de dinheiro.

Das dezenas de milhões de euros de ‘luvas’ por negócios com a PT que o Ministério Público julga terem ido parar às mãos de José Sócrates, os investigadores da Operação Marquês apuraram ao detalhe a forma como circularam oito milhões – desde o momento em que saíram do ‘saco azul’ do BES Angola até aportarem nas contas de Carlos Santos Silva, o amigo do ex-primeiro-ministro.

O esquema assentou na pretensa venda de um terreno para construção no centro de Luanda, na Rua Major Kanhangulo (antiga Rua Direita), que as autoridades portuguesas garantem não ter passado de um negócio fictício, com a finalidade de fazer entrar o dinheiro na esfera de Santos Silva e, por seu intermédio, na de Sócrates.

Em 30 de dezembro de 2010 foi produzido um contrato-promessa de compra e venda, através do qual a propriedade do Kanhangulo passaria da Angola–Investimento Imobiliário SA (sociedade do grupo Lena, da qual Santos Silva fora administrador e para onde ainda colaborava) para a Eninvest–Investimentos Imobiliários SA. Esta sociedade nunca chegou a ser constituída mas destinava-se a integrar o grupo angolano Margest, controlado pelo empresário luso-angolano Hélder Bataglia, com fortes ligações ao BES.

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